Fotomontagem.
Pedidos de desculpas, pela publicação da fotomontagem.
Toda uma rede de militantes – apócrifos, em geral - ocupou a internet nos últimos dias, para uma campanha de ataques múltiplos contra a honra de Lula.
A campanha é parecida com aquela feita contra Dilma em 2009 e 2010 – apontando a então ministra como “terrorista” perigosa. Fotos, montagens, “denúncias” falsas alimentaram as redes sociais. Em 2009, Dilma chegou a aparecer ao lado de um fuzil. A “ficha” (falsa) da ministra no Dops (“capturada”) circulou em blogs de extrema-direita.
Jornalistas mais afoitos embarcam em ondas desse tipo. Foi o que fez a “Folha” em 2009. Estampou a ficha de Dilma em primeira página.
Quando a patranha ficou demonstrada, o jornal deu uma explicação inesquecível: publicara a ficha porque sua autenticidade “não podia ser confirmada, mas tampouco podia ser descartada”.
Agora, em 2012, Ricardo Setti da “Veja” pelo menos pediu desculpas. O jornalista (!) publicou foto-montagem grosseira em que Lula aparece abraçado a Marisa Leticia e Rose.
A foto circulava pelas redes sociais. Setti achou genial ilustrar um “post” usando a foto - que imaginava ser verdadeira.
A “Veja” é capaz de qualquer coisa. Já caiu em conto de primeiro de abril. O glorioso “boimate” (piada de uma revista estrangeira, escrita sob encomenda para o primeiro de abril) foi levado a sério na publicação da família Civita.
Os editores acreditaram na mistura genética de boi e tomate. Agora, a “Veja” de Ricardo Setti acreditou na montagem para agredir Lula, assim como a “Folha” acreditara na ficha falsa de Dilma.
Tudo isso mostra a podridão da velha mídia de sempre. Mas nada disso – diga-se – serve pra ganhar eleição.
Alias, imaginava eu que os tucanos seriam mais cuidadosos com a estrategia para 2014. O PSDB tem alguma chance de ganhar se caminhar para o centro com Aécio.
O figurino “pitbull” – adotado por Serra, sob inspiração de blogueiros e pastores com estranhas obsessões sexuais – não deu certo! O figurino pitbull serve só para tornar os antipetistas mais raivosos, da mesma forma que unifica os lulistas para o combate contra os tucanos e a velha mídia.
Acontece que – no meio do caminho – há um eleitorado mais “centrista” que, nas eleições desde 2002, o PT conseguiu atrair. Gente que não detesta o PT, mas tambem não ama o Lula. Não é com montagens grosseiras que o PSDB vai conquistar essa gente.
Mas a publicação que ganhou destaque no site da Veja é só a ponta do iceberg – se me perdoam o lugar-comum. Na rede, no submundo da política e da velha mídia, o vale-tudo corre solto.
Um amigo jornalista procurou-me ontem pra contar que passou a receber emails falsos nos últimos dias – com as denúncias mais absurdas contra Lula.
Outros colegas na Redação confirmam: há em curso a tentativa de criar – nas redes sociais – uma ”onda” incontrolável, pra colar em Lula a imagem de bandido/cafajeste.
O “Mensalao” não colou, a ideia de chamá-lo de “apedeuta” não havia colado, o terrorismo religioso também não.
Sobraram ataques pessoais. Foi o que Collor fez em 89.
Mas, podem perguntar alguns, por que atacar Lula se o adversário de 2014 deve ser Dilma? Escrevi sobre isso aqui – Lula, Dilma e o PT: fatiados. Enfraquecer a imagem de Lula é passo fundamental para a oposição.
Dilma forte, tendo apoio de um ex-presidente tão forte como Lula, tornaria a batalha perdida antes de começar. Por isso, os ataques sao “fatiados”.´É preciso minar Lula, o PT e – num segundo momento – Dilma.
Suponho que a “onda” na internet não garanta coisa nenhuma aos tucanos. Imagino até que os mais refinados entre eles sequer concordem com essa “onda” moralista rastaquera.
É só mais um passo rumo ao pântano, onde a oposição sem programa se deixa dominar por blogueiros enfurecidos, pastores dementes e gente do submundo da política.
Ataques exagerados contra Lula e atos como a recusa em colaborar pra redução das contas de luz (esse sim adotado sob a égide da liderança mais “orgânica” do tucanato) só ajudam a reforçar a imagem de que a oposição joga contra o Brasil – numa tentativa desesperada de voltar ao poder.
Tenho a impressão que Aécio, se assumir de fato o comando do PSDB, vai mudar essa linha de ação. Até porque, uma campanha em que se exponha a vida pessoal de políticos e candidatos não é algo que possa interessar ao senador mineiro – fustigado, dentro do próprio partido, por dossiês e histórias sobre seus hábitos pessoais.
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