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sexta-feira, 26 de abril de 2013

1964, 2013, A COISA VEM AÍ.

ROBERTO IRINEU MARINHO À  DIREITA  E ARMANDO FALCÃO, TAMBÉM À DIREITA.

SAUL LEBLON:
Há três semanas, o conservadorismo comanda as expectativas do país.

O carnaval do tomate e a furor rentista marcaram a segunda quinzena de abril.

Deu certo.

No dia 17, o BC elevou os juros.

Ato contínuo, vários indicadores desautorizaram as premissas da terapia ortodoxa.

Os preços dos alimentos – não o único, mas um fator sazonal importante na pressão inflacionária – perderam fôlego. O do tomate desabou.

Não apenas isso.

O cenário internacional desandou.

Recordes de desemprego na Europa vieram se somar à deflação das commodities, ademais da decepção com a velocidade da retomada nos EUA.

Tudo a desaconselhar o arrocho pró-cíclico evocado pelos especialistas em incursões aos abismos e às bancarrotas.

Há cinco anos eles advertem que a resistência do Brasil à crise é um crime contra o mercado. (Leia também: ‘O Brasil é um crime contra o mercado’)

Nenhuma voz do governo ou do PT soube salgar o diagnóstico conservador com a salmoura pedagógica das evidências opostas.

Dilma poderia ter ido à TV. É sua responsabilidade esclarecer a opinião pública quando o futuro do país esta sendo ostensivamente jogado na sarjeta das manipulações.

Não significa mistificar os problemas, que existem.

Mas, sim, separa-los de interesses que não são os do país.

Disputar as expectativas, em certos momentos, é mais decisivo do que acionar medidas no varejo.

Se Lula ficasse mudo em 2008, o jogral pró-cíclico faria do Brasil um imenso Portugal .

O quadro hoje é outro?

Sempre é outro.

É para isso que existe governo. Se a história fosse estável e previsível , bastariam burocracias administrativas.

Veio a terceira quinzena de abril.

Enquanto o PT se preocupa com Eduardo Campos,o verdadeiro partido oposicionista alimentava um clima de dissolução institucional.

É só aquecimento: o lacerdismo togado e seu diretório midiático podem muito mais.

A pauta da ‘caça ao Lula’ voltou às manchetes.

Grunhida pela boca do casal Gurgel e esposa, sub-procuradora Claudia Sampaio.

Em linha com a nova tradição latino-americana, a da implosão institucional de governos progressistas, o lacerdismo togado avança na sua especialidade: a farsa em forma de grave denúncia.

O STF desautorizou o Congresso a analisar a PEC que fortalece o espaço do Legislativo na divisão dos poderes.

A ideia de um Judiciário que determine o que o Congresso pode e o que ele não pode discutir e votar é estranha à democracia.

Mas não ao método conservador.

Que pauta um Brasil cada vez mais explícito, à direita, em seus duetos e sintonias .

Há certeza de uma impunidade consagrada no poder de difusão conservador.

Ela explica a desenvoltura de personagens que se dispensam do recato e da liturgia observada nos velhos conspiradores.

Joaquim Barbosa se manifesta como uma extensão de Merval Pereira.

E vice-versa.

Gurgel acossa Lula e agasalha o líder de Carlinhos Cachoeira no Congresso, Demóstenes Torres, com uma aposentadoria de R$ 22 mil.

E ninguém dá gargalhadas.

Como diz o senador Requião, falta humor à crítica política.

Falta também capacidade de se escandalizar.

Um delegado ex-integrante do aparato da ditadura diz que Otávio Frias e Sergio Fleury eram parceiros de teoria e prática.

Tomavam chá das cinco no DOPS.

Dá para acreditar?

Dá para ter certeza de que as veladas ligações entre o dispositivo midiático e a ditadura precisam ser investigadas. Por uma comissão de verdade.

Quem se dispõe?

Silêncio constrangedor.

O ministro Mercadante defende a Folha e o ‘seu’ Frias – como ele se refere ao falecido pai de Otavinho, em nota tocante.

Toffoli, ministro do Supremo, dá ultimato ao Congresso: os representantes do povo tem 72 horas para explicar o que estão pretendendo discutir...

Paulo Bernardo alia-se ao oligopólio da mídia .

A Secom sustenta a Globo.

E o sub do sub do Banco Central vai discursar no Banco Itaú, espécie de diretório informal do PSDB. Prega o choque de juros.

O piloto sumiu.

Esse filme não é novo.

E nunca acaba bem.
 







quinta-feira, 25 de abril de 2013

Juros, 2014: Onde o bicho pega.

TUJA( Turma do juro Alto)

Gloelbels, o braço midiático da tuja.

De SAUL lEBLON:



Entre 2009 e 2011, o patrimônio líquido  de 7% das famílias mais ricas dos EUA cresceu 28%; o dos restantes 93% encolheu em 4%.

Em plena desordem neoliberal, as 8 milhões de famílias mais ricas dos EUA viram sua riqueza média saltar de US$2,5 milhões para US$ 3,5 milhões.

As  restantes  111 milhões  tiveram queda de patrimônio: de US$140 mil para US$ 134 mil.

No Brasil na última década, a renda dos 10% mais pobres cresceu 91%.

 A  dos 10% mais ricos aumentou 16%.

 Acúmulo de patrimônio não é o mesmo que fluxo de renda, mas um interfere no outro.

Uma das pontes é a taxa de juro real.

 O juro real no país hoje, mesmo com o recente aumento da Selic, é de 2,3%.

Ainda um dos maiores do mundo.

Mas está precisamente 10 vezes abaixo dos 23% que atingiu em meados de 2002. É aí que o bicho pega.

Daí deriva o jogral dos vigilantes do tomate. 

E o coral dos que prometem 'fazer mais', com menos intervencionismo.

O Brasil  tem um dos jornalismos de economia mais prolíficos do mundo; ao mesmo tempo, um dos menos dotados de discernimento histórico em relação ao seu objeto.

Aqui os desafios do desenvolvimento são tratados como crimes contra o mercado.

 Aliás, o Brasil, em si, é um crime contra o mercado. 

 Ampliar o  poder de compra da população, gerar empregos, expandir o investimento público alinham-se entre os  ‘ingredientes da crise', segundo a pauta dominante. 

Solução é subir juro.

Os exemplos se sucedem como folhas de um manual suicida.

 A cantilena diuturna contra o investimento público e o descrédito na agenda de obras públicas enquadra-se nesse adestramento da sociedade contra ela mesma.