HOUV,E EM 1937 EM TRIBUNAIS NAZISTAS, ACUSADOS INOCENTADOS, PELO MOTIVO DAS PROVAS SEREM TÊNUES. (FOTO-MONTAGEM BLOG DO EDUARDO GUIMARÃES.)
Apesar
dos avanços dos governos progressistas na América Latina nos últimos tempos, é
notória a articulação das forças direitistas com intenção de plantar golpes de
Estado e crises internas nos países da região para acabar com o sonho
democrático e integracionista que vem sonhando o continente.
Para
falar sobre os planos da ultradireita latino-americana e analisar a atual
conjuntura política do continente, o Observatório Sociopolítico
Latino-Americano entrevistou a jornalista Stella Calloni.
Por
Fernando Arellano Ortiz
Na
América Latina há uma ameaça latente de setores militares de ultradireita que
buscam reeditar a Operação Condor contra os governos progressistas, a mesma que
nas décadas dos anos 1970 e 80 e com o auspício de Washington assolou os países
do Cone Sul, no sentido de realizar um trabalho supranacional de
desestabilização com os auspícios de dirigentes da catadura do ex-presidente
Álvaro Uribe Vélez, como denuncia a jornalista argentina, investigadora e
ativista de direitos humanos, Stella Calloni.
Com
o apoio da CIA, de fundações estadunidenses, bem como do neofranquista Partido
Popular, da Espanha, a ultradireita latino-americana está empenhada a todo
custo em propiciar golpes de Estado ou criar circunstâncias de choque em países
da região governados por líderes de esquerda.
Fundamentalmente,
o foco está dirigido contra os governos de Hugo Chávez, na Venezuela; Rafael
Correa, no Equador; Evo Morales, na Bolívia; Cristina Fernández de Kirchner, na
Argentina; e Daniel Ortega, na Nicarágua, ao mesmo tempo em que lança fogos
contra os presidentes Dilma Rousseff, do Brasil
e José Mujica, do Uruguai; da União das Nações Sul-americanas (Unasul) e, claro
está, contra o Fórum de São Paulo, que reúne aos partidos de esquerda do
hemisfério.
Stella
Calloni — experiente investigadora dos horrores cometidos pelas ditaduras
militares da América do Sul, autora do livro Operación Cóndor, Pacto Criminal
(Edições La Jornada, México, 2001) — lembra que um dos bastiões desta corrente
é a Unoamérica.
Organização
que nasceu na Colômbia, em dezembro de 2008 e está integrada por militares
acusados de violação de direitos humanos e comprometidos com as ditaduras
latino-americanas que buscam reeditar o tresnoitado discurso anticomunista da
Guerra Fria.
Em
consonância com Unoamérica, o ex-presidente Uribe Vélez criou, recentemente, a
Fundação Internacionalismo Democrático, cuja principal tarefa é trabalhar pelo
desprestígio dos governos de Chávez e Correa.
Calloni
é uma jornalista experiente; escritora e poetisa. Foi correspondente de guerra
na América Central e se especializou em política internacional.
Em
sua vasta obra publicada estão incluídas crônicas, ensaios e livros, entre
outros, como Torrijos y el Canal de Panamá (1975); La guerra encubierta contra
Contadora (1993); Nicaragua: el tercer día (1986); Panamá, pequeña Hiroshima
(1992); Los años del lobo: Operación Cóndor (1999); Operación Cóndor, pacto
criminal (2001); Argentina: de la crisis a la resistencia (2002); La invasión a
Irak, guerra imperial y resistencia (2002); América Latina siglo XXI (2004);
Evo en la mira. CIA y DEA en Bolivia (2009).
Atualmente,
é correspondente do Cone Sul para o diário La Jornada, do México e também atua
como docente universitária. Entre as múltiplas distinções que recebeu,
destacam-se o Premio Latinoamericano José Martí (1986); Premio Madres de Plaza
de Mayo (1998); Premio Margarita Ponce Derechos Humanos de la Unión de Mujeres
Argentinas y Premio Latinoamericano de Periodismo Samuel Chavkin, da revista
Nacla Report of the Americas de Nueva York, ambos em 2001; além do Premio
Escuela de Comunicaciones de la Universidad de la Plata, Argentina (2002).
Em
função jornalística, percorreu praticamente toda a América Latina, bem como
vários países da Europa e da África. Portanto, suas análises são feitas a
partir do apalpar da realidade no próprio terreno. É conferencista
internacional sobre temas de geopolítica latino-americana e sobre direitos
humanos.
A invasão silenciosa dos EUA na
América Latina.
Observatório Sociopolítico: Você
considera que a ingerência dos Estados Unidos tem se configurado de maneira
mais sutil, ou continua sendo mantida a mesma estratégia de finais de século 20
para dominar os povos?
Stella Caloni: Se eles, em todos os seus documentos de política exterior, começaram a considerar que deviam levar em conta a Doutrina Monroe ("América para os americanos”) equivale assinalar que ela continua sendo a base de muitas coisas que eles fazem, com algo muito mais grave: agora o lema é "o mundo para os americanos”.
Tudo isso, mais a reconfiguração que aconteceu
após as Torres Gêmeas, que é um fato que ainda não sabemos quem é o
responsável; pois, poderão dizer o que queiram, mas provas não existem de
nenhuma espécie; é como se você me dissesse que alguém possa me dar uma prova
de que a pessoa que mataram no Paquistão era Bin Laden. Não há provas; não
existem e o que Estados Unidos dizem, para mim não tem nenhuma veracidade,
porque mentem eternamente.
Após
a configuração dessa doutrina de segurança hemisférica, começa também a nova
doutrina de guerra preventiva, de guerra sem fronteiras e sem limites;
desconhecendo as soberanias nacionais, ao mesmo tempo em que executam outra
vertente de trabalho, que é sutil: o envio de todas essas fundações que
nasceram durante o esplendor conservador de Reagan para evitar a presença
direta da CIA, sobretudo depois de 1975, quando se formou a Comissão Church no
Senado estadunidense para investigar o papel dessa Agência de Inteligência no
golpe de Estado no Chile, o que motivou que, nos anos 80, a renovação da
estratégia de conflitos e de guerra de baixa intensidade, que tem como base a
contrainsurgência, que, em linguagem estadunidense, é a permissão aberta para
todo tipo de ilegalidade no plano militar, político, cultural, social, econômico
etc.
América Latina e seu melhor momento
histórico.
Observatório
Sociopolítico: Com exceção de países como o México, a Colômbia, o Chile e
algumas nações da América Central, a América Latina está passando por um bom
momento histórico, que pensa?
Stella Caloni: Historicamente, a América Latina está passando por seu melhor momento; tem conseguido salvar-se da crise econômica e mostrar ao mundo que o remédio que estão utilizando na Europa não serviu para nada; portanto, podemos dizer que estamos à vanguarda da resistência, com lideranças como as de Chávez, Kirchner, Evo, Correa que brotaram dentro de um jogo eleitoral que os Estados Unidos impunham como salvação. Quantas tropas necessitarão para poder controlar o mundo?
O certo é que os Estados Unidos vão a caminho de afundar.
E em relação
com a América Latina temos que dizer que nossos governos não podem mostrar nem
um pouquinho de debilidade, porque qualquer abertura dá pé para que se meta
esse poder imperial; temos tudo para evitar e uma mostra disso é o que
aconteceu com a OEA, que já não tem voz; está falando como um afônico, porque a
Unasul a substituiu mesmo sem ser ainda um organismo totalmente sólido.
Buenos
Aires, dezembro de 2011.
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