Ex ministro da Defesa do Brasil Waldir Pires.
O ex ministro Waldir Pires, em entrevista disse que o verdaeiro mensaslão foi o do IBAD,arquitetado e executado pelo bruxo, golpista e fascsista Golbery do couto e Silva. Extrai da internet alguns exemplos do mensalão do IBAD, com muitos deputados comprados e eleitos com a grana dos grandes empresários nacionais e transnacionais, notadamente os Yankes.
Vamos a alguns exemplos:
Balcão
de deputados
A escolha dos
candidatos agraciados com o apoio financeiro pelo IPES de Golbery obedecia a
uma regra rígida, quase um contrato de compra e venda.
Quem se habilitava a integrar a lista de
“democratas convictos e anticomunistas de primeira ordem” passava pelo crivo
dos analistas do complexo IPES/IBAD.
Mais importante
do que a filiação partidária era a orientação das ideias.
Cada candidato era compelido a assinar um “ato
de compromisso ideológico”, pelo qual prometiam lealdade ao IBAD acima da
fidelidade ao seu partido, prometendo ainda lutar contra o comunismo e a
defender o investimento estrangeiro.
Mas
a mercadoria custava caro.
O chefe do GAP (Grupo de Ação Parlamentar) do
IPES, o banqueiro Jorge Oscar de Mello Flores, avaliava os candidatos pelo
coeficiente eleitoral.
De início, ele calculava que cada deputado “custaria” cerca de 6 milhões de
cruzeiros (cotação atual: R$ 317 mil), mas percebeu que esta seria a conta de
nomes da Paraíba e outros Estados menores.
O preço aumentava no Ceará e ainda mais na Bahia.
Os
candidatos de Rio e São Paulo eram mais caros, explicou Mello Flores, avaliando
a conta per capita dos deputados no balcão do IPES do vovô Golbery: 15 milhões
de cruzeiros (cotação atual: R$ 792 mil).
O orçamento de
um candidato pouco conhecido e de limitada agressividade eleitoral incluía
despesas com equipamento de som, 40 mil cartazes, 600 faixas, fotografias,
espaço em jornais, mensagens no rádio e TV, discos de jingle, gasolina,
correspondência e pessoal de apoio…
Tudo
isso ao custo de uns 10 milhões de cruzeiros, o que não era pouca coisa.
Dez milhões, que hoje valem R$ 528 mil,
equivaliam então à renda diária de 20 mil trabalhadores de salário mínimo,
número de votos atualmente suficientes para eleger vereador em capital.
O
IPES de Golbery recebeu apoio financeiro de 297 corporações americanas.
Passavam
o chapéu entre empresas britânicas, suecas, alemãs.
A
Fundação Konrad Adenauer, órgão do Partido Democrata Cristão alemão, canalizava
recursos pelo sólido complexo siderúrgico Mannesmann e pela gigante Mercedes
Benz.
Golbery encarregou-se pessoalmente do contato
com o presidente da Mercedes.
Grampo
na Casa Branca.
Os amigos do
general estavam ativos, também, em Washington.
Na
segunda-feira, 30 de julho de 1962, o presidente John Kennedy entrou no Salão
Oval e ligou pela primeira vez seu novo brinquedinho, instalado no fim de
semana: o sistema secreto de gravação de voz da Casa Branca.
A estreia
prometia: era uma conversa cabeluda de Kennedy com o seu embaixador no Brasil,
Lincoln Gordon, parceiro de Golbery no caminho para o golpe militar que
derrubaria João Goulart dois anos depois.
Começava pelo
gasto não contabilizado de US$ 8 milhões nas eleições de 1962, adubando
secretamente candidatos apoiados pela CIA e simpáticos aos EUA.
A conexão americana do mundo político
brasileiro com os militares golpistas era feita por outro amigo do peito de
Golbery – o discreto adido militar da embaixada, coronel Vernon Walters, que
chegaria a vice-diretor da CIA no auge do Caso Watergate que derrubou Nixon, em
1974.
A transcrição
das fitas foi revelada no livro do jornalista americano Tim Weiner, Legado de Cinzas – Uma história da CIA
(Ed.Record, 2008). Ela mostra, numa frase de Gordon para Kennedy, que o alvo
central da conspiração era o mesmo de Golbery – o próprio Jango:
– Para
expulsá-lo, se necessário – disse o embaixador, esclarecendo – O posto da CIA
no Brasil deixará claro, discretamente, que não somos necessariamente hostis a
qualquer tipo de ação militar, em absoluto, se ficar claro que o motivo da ação
militar é…
–… contra a
esquerda – completou o presidente Kennedy, dando o sinal verde para o golpe que
aconteceria vinte meses depois.
Na
véspera da eleição de 1962, a Promotion de Ivan Hasslocher, líder do IBAD,
arrendou o jornal carioca A Noite
por 90 dias, ao custo mensal de 2 milhões de cruzeiros (cerca de R$ 100 mil no
câmbio atual) para propaganda direta.
A revista Repórter Sindical também era operada pela entidade.
O órgão oficial do IBAD, Ação Democrática,
circulava mensalmente com 250 mil exemplares e textos de gente graúda como o
economista Eugênio Gudin e o líder udenista Aliomar Baleeiro.
Era gratuita e,
ainda assim, não tinha um único anúncio.
No início de
1963, um manifesto de 500 profissionais de prestígio, organizados pelo Centro
Democrático de Engenheiros, ligado ao IPES, foi publicado no Jornal do Brasil e em O Estado de S.Paulo.
Manifestos
variados, todos “democráticos”, proliferavam na imprensa e eram retransmitidos
pela dupla IPES/IBAD.
Eles tinham uma
agência de notícias, a Planalto, que redistribuía o material a 800 emissoras de
rádio e jornais do país.
Tudo gratuito,
tudo pela pátria, tudo pela “democracia”.
Um milhão de
cópias da Cartilha para o Progresso, feita pelo IPES, exaltando os benefícios
da Aliança para o Progresso do governo americano, foi encartada como suplemento
da Fatos&Fotos, revista na
época de grande circulação da Editora Bloch.
O
extremista do Estadão.
Num país de
elevado analfabetismo, o esperto Golbery percebeu a importância do rádio e da
nascente televisão.
O IPES gastou 10 milhões de cruzeiros para
produzir 15 programas de TV para três canais diferentes.
Eram entrevistas
de questionários preparados pela entidade, com jornalistas de confiança e gente
selecionada para responder sobre reforma agrária, custo de vida, democracia.
Estavam escalados nesse time alguns ilustres
conterrâneos de Golbery, como o senador Mem de Sá (presenteado com a cadeira de
ministro da Justiça no governo Castelo Branco), os deputados Daniel Faraco,
Egydio Michaelsen e Raul Pilla, o prefeito de Porto Alegre Loureiro da Silva e
o arcebispo dom Vicente Scherer.
Em 1962, o IBAD
operava diariamente mais de 300 programas de rádio no horário nobre das
principais cidades do país.
A rede de mais
de 100 estações ligadas a ele formava a “Cadeia da Democracia”, sob o comando
do senador João Calmon, dos Diários
Associados, que tinha o cuidado de ir ao ar no mesmo horário das
transmissões do líder trabalhista Leonel Brizola, que derrotara Golbery um ano
antes com a “Cadeia da Legalidade”.
O maior produtor
de filmes comerciais do país, Jean Manzon, foi contratado por Golbery para
produzir filmes como Que é a
democracia, Deixem o
estudante estudar, Uma economia
estrangulada, Criando homens
livres.
Eram filmetes de
10 minutos, projetados antes do vibrante faroeste exibido nas matinês do
interior do país, onde se espalhavam três mil salas de cinema.
Quando a plateia
não aparecia, o cinema ia até o público.
O IPES montou o projeto do “cinema ambulante”
em caminhões abertos e ônibus com chassis especiais, que percorriam favelas,
bairros populares e cidades distantes.
Era um mutirão democrático: a Mesbla fornecia os projetores, a
Mercedes Benz emprestava os caminhões e a CAIO montava a carroceria dos ônibus.
Na medida em que
avançava a conspiração, crescia a presença militar sobre a base parlamentar.
Era hora de sair
do discurso para a prática.
O
IBAD cede seu lugar de destaque para outra sigla – a ESG, a Escola Superior de
Guerra, de onde provinham Golbery e o núcleo fardado do golpe.
O novo complexo
IPES/ESG alinhava 330 oficiais, de majores a generais de Exército, fazendo a
ligação do mundo empresarial com os quartéis.
Sempre sob a
liderança de Golbery, lá estavam nomes que, mais tarde, fariam parte do poder
golpista, como ministros ou até presidentes.
Orlando
Geisel, Mário Andreazza e Walter Pires formulavam planos com Castello Branco,
Ernesto Geisel e João Figueiredo.
Um grupo que
Dreifuss nomeia como “Extremistas de Direita” juntava fanáticos anticomunistas
com adeptos da modernização industrial conservadora.
Curiosamente, o
grupo era mais ligado ao jornalista Júlio de Mesquita Neto, expoente da “linha
dura” paulista que pregava uma forte mensagem anticorrupção e contra a
esquerda.
Com Mesquita estavam seu irmão Ruy e os
deputados Abreu Sodré e Paulo Egydio Martins, mais tarde governadores indiretos
de São Paulo indicados pelos quartéis.
Os três
ministros militares que Golbery transformou em locutores de seu manifesto no
golpe frustrado de 1961 – o marechal Odylio Denys, o almirante Sílvio Heck e o
brigadeiro Grun Moss – mandaram emissários da conspiração a São Paulo para um
encontro, no início de 1962, com Júlio Mesquita Filho, a quem entregaram um
documento sobre as normas que iriam orientar o
governo militar após a queda de Jango.
O grupo,
integrado pelos generais Cordeiro de Farias e Orlando Geisel, foi mais
explícito com o dono do Estadão:
o regime discricionário teria de ficar no poder por
pelo menos cinco anos.
Animado com a
conversa, Mesquita chegou ao ponto de sugerir oito nomes para o futuro
ministério golpista.
Com o jurista Vicente Rao, advogado da
mineradora americana Hanna, Mesquita chegou a fazer o rascunho de um Ato
Institucional para fechar Senado, Câmara e Assembleias e cassar mandatos – o mesmo instrumento de força que a
ditadura anos depois faria seu jornal engolir com o AI-5, na forma de versos e
receita de bolo.
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