Governo FHC,anos de trevas e apagões.
Me vali de uma carta que o blog blog do Rovai
publicou para responder a um conhecido quevive tentando comparar o governo Lula e o governo FHC, comigo. Peguei no brasilmobilizado
Alhures tenho mostrado ele a enorme diferença. E com esta carta de quem entende do governo FHC e do próprio, visceralmente, dei como encerrada esta parte do debate.
Se ele não entender agora,nem no dia do juízo final, ele entenderá.
Você é um
néscio.
Só para te ilustrar vai aqui um desenho da merda
que foi o governo que vc ainda acha que foi governo.
Espero que leia e entenda!
Sem
difamações sem acusações levianas, sem o udenismo do PIG que está a
serviço das minorias da qual vc não pertence, sem lacerdismo e o principal: se
vc ler entenderá como foi , ou quis ser enganado por estes anos todos.
Coisa de
udenista, que substituiu os oratórios da sala, por uma TV.
Quero
dizer, que se você vir com qualquer comparação entre os governos lula e FHC,significa que vc
não leu esta carta, ou o seu ódio de
classe, te cega e significa que vc não a
leu. Portanto toda vez que vc se referir ao governo lula de forma depreciativa, vou apenas mandar vc ler a carta.
Segue uma Carta Aberta de Theotonio dos
Santos, economista, cientista político e um dos formuladores da Teoria da
Dependência. Hoje é um dos principais expoentes da Teoria do Sistema Mundo.
Mestre em Ciência Política pela UnB e doutor
“notório saber” pela UFMG e pela UFF. .
Coordenador da cátedra e rede UNU-UNESCO de
Economia Global e Desenvolvimento sustentável – REGGEN.
O texto é um primor e contribui tanto para
entender o quanto o governo do PSDB foi deletério para o Brasil como ajuda
a impedir que a mídia tente “lavar branquinho” a história e produzir uma nova
versão do que foram os anos FHC.
THEOTONIO DOS SANTOS: CARTA ABERTA A FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Meu
caro Fernando,
Vejo-me
na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de
uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro
Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço
teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960.
A
discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma
experiência política que reflete contudo este debate teórico. Esta carta assinada
por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente
de sua gestão.
Quem a
lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação
enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação.
Já
discutimos em várias oportunidades os mitos que
se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo.
Já no
seu governo vários estudiosos discutimos, o inevitável caminho de seu fracasso
junto à maioria da população.
Pois as
premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente
equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população.
(Se os leitores têm interesse de conhecer o
debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria
da Dependência: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio,
2000). Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em
torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.
O
primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o
governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos
que não quer compartilhar com você…
Em
primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que
acabou com a inflação.
Os dados mostram que até 1993 a economia
mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam
inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO
PARA MENOS DE 10%.
Claro
que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os
autores desta queda.
Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.
No caso
brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10%
mais altos.
TIVEMOS
NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO.
E aqui
chegamos no outro mito incrível.
Segundo
você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam
neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda
forte.
Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma
moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor
falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos
uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as
eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os
capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização,
O fato
é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a
4,00 reais por dólar.
E não
venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito
antes da “ameaça Lula”.
ORA,
UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA
FORTE?
Em que manual de economia?
Que
economista respeitável sustenta esta tese?
Conclusões:
O plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as
inflações no mundo inteiro.
A inflação brasileira continuou sendo uma das
maiores do mundo durante o seu governo.
O real foi uma moeda drasticamente debilitada.
Isto é evidente:
quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa
moeda tinha que ser altamente desvalorizada.
De
maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à
crise brutal de 1999.
Segundo
mito – Segundo você, o seu
governo foi um exemplo de rigor fiscal.
Meu
Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de
reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula,
oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal?
Gostaria
de saber que economista poderia sustentar esta tese.
Isto é um dos casos mais sérios de
irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.
E não adianta atribuir este endividamento
colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu
ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a
triste realidade de seu governo.
Um governo que chegou a pagar 50% ao ano de
juros por seus títulos para, em seguida, depositar os investimentos vindos do
exterior em moeda forte a juros nominais de 3 a 4%, não pode fugir do fato de
que criou uma dívida colossal só para atrair capitais do exterior para cobrir os
déficits comerciais colossais gerados por uma moeda sobrevalorizada que impedia
a exportação, agravada ainda mais pelos juros absurdos que pagava para cobrir o
déficit que gerava.
Este
nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal
que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre.
Nem falar da brutal concentração de renda que
esta política agravou drasticamente neste pais da maior concentração de renda
no mundo.
Vergonha,
Fernando.
Muita
vergonha.
Baixa a
cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identificar
com o seu governo…te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.
Terceiro
mito – Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por
causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula.
Fernando,
não brinca com a compreensão das pessoas.
Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica
situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS.
Você teve
que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição os 20 bilhões de dólares do tesouro dos
Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID.
Tudo
isto sem nenhuma garantia.
Esperava-se aumentar as exportações do pais
para gerar divisas para pagar esta dívida.
O fracasso do setor exportador
brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar
nenhum recurso em dólar para pagar a dívida.
Não tem nada a ver com a ameaça de Lula.
A
ameaça de Lula existiu exatamente em consequência deste fracasso colossal de
sua política macroeconômica.
Sua política externa submissa aos interesses
norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas
exportações a uma economia decadente e um mercado já copado.
A recusa dos seus neoliberais de promover uma
política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações. A
loucura do endividamento interno colossal.
A impossibilidade de realizar
inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100
bilhões de dólares de empresas brasileiras.
Os juros mais altos do mundo que
inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa.
Enfim,
UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco
do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para
pagar… Fernando, o Lula não era ameaça de caos.
Você era o caos.
E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco
de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação
de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou
para este país.
Gostaria
de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso fazê-lo nem
no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort
(neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha
significativa.
Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do
Brasil”.
E no plano educacional onde você não criou uma
só universidade e entrou em choque com a maioria dos professores universitários
sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional.
Não Fernando, não
posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente
Lamento
muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato,
mas esta é a política.
Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa
de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo.
E
terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o
que o povo brasileiro quer.
E por mais que vocês tenham alcançado o
domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e
nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido
pelo nosso povo.
Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação
contra o verdadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar.
Ela nos
disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma
política progressista.
E dessa política vocês estão fora.
Apesar de tudo isto,
me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade.
Apesar deste
caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de
Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil.
Como a
grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum
congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a frequentar este
mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.
Com a
melhor disposição possível, mas com amor à verdade, me despeço.
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