O Estado do Vaticano sede da ICAR.
Eles sempre são lembrados, quando há um golpe de direita.
Hélio Doyle: E a velha,
antiga luta continua…
A velha
luta continua
Direita e esquerda continuam presentes no cenário político e
ideológico, em todo o mundo. Prova disso é o golpe dado pela direita contra a
esquerda no Paraguai. Em resumo, foi isso que aconteceu: dentro da lei e da
formalidade jurídica, a direita paraguaia, que domina o Congresso, derrotou a
esquerda paraguaia, que havia elegido o presidente da República. Em termos mais
amplos, a direita sul-americana infligiu uma derrota à esquerda do continente.
Agora, nas
políticas internas e externas da América do Sul, a luta continua entre direita
e esquerda.
A direita e a esquerda se subdividem em diversas correntes,
algumas mais extremadas, outras mais moderadas, há uma centro-direita como há
uma centro-esquerda, e muitas vezes a direita assume políticas de esquerda e vice-versa.
Mas isso não acaba com a essência da divisão política e ideológica cujas
denominações remontam à Revolução Francesa.
Direita e esquerda vêm travando batalhas de ideias e de armas ao
longo dos anos.
Disputam eleições, dão golpes de estado, fazem revoluções,
recorrem a ações armadas, digladiam-se em guerras civis.
Quando um lado ganha o poder, por eleições ou não, o outro cuida
de derrotá-lo o mais rapidamente possível.
E usa todas
as armas, as literais, as políticas e as econômicas, de que dispõe. Há 52 anos
os Estados Unidos e aliados internos fazem de tudo para derrubar o governo de
Cuba e restaurar o poder da direita.
Há 48 anos as Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia lutam contra a direita que governa a
Colômbia.
A direita leva uma boa vantagem nesta luta, em países governados
por ela ou pela esquerda – em seus diversos matizes, com exceção de Cuba, onde houve uma
revolução que hoje não se repetiria.
A direita tem o poder econômico, praticamente detém o monopólio da imprensa, consegue
ser maioria nos parlamentos graças às práticas clientelistas e à força do dinheiro
e da mídia nos processos eleitorais, consegue, pelas
ideias conservadoras, ter forte influência entre militares e religiosos.
E ainda tem o apoio dos
Estados Unidos e dos governos de direita da Europa.
Mesmo com todo esse aparato, ao qual se soma a presença histórica
nos tribunais, e com a máquina pública trabalhando
por ela, a direita vem perdendo eleições e assim presidentes de esquerda ganham
alguns governos.
A questão é que ganham o governo, mas não o poder, que continua nas mãos dos que têm o capital e controlam
a economia, a imprensa e instituições consolidadas no domínio da direita.
Daí, ou a esquerda aceita
moderar seus projetos e reduzir as contradições com o poder verdadeiro, o
econômico, ou radicaliza o processo, o que só é viável com forte apoio popular
e de pelo menos alguns segmentos das forças armadas.
A direita convive com a esquerda no governo enquanto não sente seus interesses ameaçados de fato ou
não tem condições objetivas e subjetivas de derrotá-la.
Tentou derrubar Hugo
Chávez, da Venezuela, com um golpe militar apoiado pelos estadunidenses, mas
não conseguiu, pois havia militares e forças populares apoiando o presidente.
Teve sucesso
ao derrubar Manuel Zelaya, em Honduras, e Fernando Lugo, no Paraguai, com
golpes baseados na institucionalidade criada por ela própria e não desmontada,
legalmente, pelos dois ex-presidentes. Tenta derrubar Evo Morales, da Bolívia,
com a mesma tática com que derrubou Salvador Allende, do Chile, em 1973.
Teria derrubado Lula, em 2005, se o presidente brasileiro não tivesse forte apoio popular e
poder de reação. Preservou-o
para derrotá-lo
eleitoralmente em 2006, mas não deu certo.
Assim funciona a política, não a superficial do dia a dia
parlamentar, mas a que busca o poder. Direita e esquerda não acabaram, ao contrário do que dizem ingênuos,
desinformados e pretensos pensadores pretensamente modernos.
Basta ver quem apoia o
golpe no Paraguai: donos de terras (inclusive grileiros brasileiros),
empresários do agronegócio, banqueiros,
a Igreja Católica, políticos e militares conservadores, muitos deles
colaboradores ativos do general Alfredo Stroessner.
Com o cada vez mais claro respaldo da embaixada estadunidense e da
agência local da CIA.
Basta também ver quem
apoia, no Brasil, o golpe no Paraguai: a direita raivosa e a moderada que, se pudessem, fariam a mesma coisa
aqui, mesmo não tendo muito a reclamar.
O golpe “constitucional e legal” no Paraguai, porém, foi tão
descarado que até países governados pela direita sul-americana, como Chile e
Colômbia, sentem-se obrigados a adotar medidas que demonstrem sua reprovação e
condenação.
Até que ponto, ainda não se
sabe.
Os outros sete presidentes de países latinos sul-americanos são de
esquerda, mas a esquerda tem diversos matizes e cada um desses países tem uma
realidade interna diferente. Também não se sabe ainda até que ponto vão na
reação ao golpe paraguaio.
E a velha luta continua.
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