CERRA ERA DE "ESQUERDA"
O TARTUFO ERA DE "ESQUERDA".
O CARA DE CAVALO À DIREITA NA FOTO ATÉ 1977, DIZIA LÁ USP QUE ERA DE "ESQUERDA".
DE IZAIAS ALMADA. TEXTO COMPLETO AQUI:
O que parece condenável, a meu ver, é constatar que homens minimamente dotados de conhecimentos que os credenciam à vida pública prepararem-se para o exercício do poder político mercê do jogo sujo e oportunista de se adaptarem às circunstancias de momento, a assumirem uma demagogia de linguagem rebuscada e pseudocientífica, a nadarem sempre a favor da correnteza, a dançarem conforme a música lhes é agradável e de ritmo conveniente.
Será essa, com certeza, a história política brasileira contemporânea que, entre inúmeros exemplos, evidencia o caso dos cidadãos José Serra e Fernando Henrique Cardoso, dois expoentes de uma, seja dita, esquerda política, que nada mais representou até hoje do que o sonho social democrata em ninhos de esquerda de matizes socialistas, enquanto ser de esquerda era a “moda”, ainda que arriscada e perigosa. Em particular dentro do âmbito muitas vezes elitista e acadêmico das universidades. Os caminhos do exílio e do banimento durante e após o golpe de 64 têm, a esse respeito, histórias bem diferentes para serem contadas.
A trajetória desses dois expoentes do PSDB é emblemática em vários sentidos: FHC pelo exercício aligeirado e elegante do mando político, mas desprovido de maior conteúdo; Serra pela obsessão em chegar à presidência da república, gabando-se de ser um dos brasileiros mais preparados para isso.
FHC comandou um país subalterno e dependente economicamente de empréstimos obtidos junto ao Fundo Monetário Internacional, vendendo a trinta dinheiros várias empresas públicas, incentivando o verdadeiro mensalão para a aprovação da reeleição em causa própria, deixando varrer para debaixo do tapete a grande negociata das privatizações, eliminando conquistas trabalhistas de décadas, mantendo um salário mínimo de fome, sucateando e mercantilizando a educação e as escolas e universidades, negligenciando a saúde, para lá indicando seu fiel escudeiro e até então protegido.
Essa escola de “bem governar”, que pretendeu permanecer 20 anos ou mais no poder federal (em parte conseguindo o seu intento no governo de São Paulo), foi – enquanto isso – gerando em seu ninho um quadro que levasse à frente o programa neoliberal com algumas tinturas menos ortodoxas, fazendo-o caminhar pelas instâncias do Ministério da Saúde, do governo do Estado de São Paulo e da prefeitura de São Paulo, mandatos nem todos eles concluídos, é bom lembrar, tamanha a obsessão do candidato ao cargo pretendido.
O Brasil desses dois homens, nesses tempos informatizados, em que a realidade muda com grande rapidez, se transformou também rapidamente num Brasil do passado; no Brasil dos envergonhados de serem brasileiros; no Brasil dos subalternos, da política externa submissa, dos que adoram encher a boca para falar mal do seu país; no Brasil dos arrogantes de títulos acadêmicos e de togas acima do bem e do mal, dos que comem peru e pensam arrotar caviar; no Brasil das citações de pé de página; no Brasil em que muitos insistem na justiça mais flexível para a Casa Grande e na mais rígida obediência às leis para a senzala; no Brasil dos que ainda anseiam por golpes militares; no Brasil da improvisação no lugar do conhecimento, muitas vezes maquiada de competência; no Brasil dos armários cheios de esqueletos físicos e morais; no Brasil de um passado que tem medo da verdade; no Brasil de uma imprensa chantagista e irresponsável, legando aos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef, o pesado fardo de consertar muita sujeira e muita incompetência de se passado mais recente, tão evidente e tão escondido pela mídia.
Vistos os fatos por essa perspectiva, mas com os olhos confiantes postos no futuro e nas transformações que vão, pouco a pouco acontecendo interna e externamente, é que se pode afirmar: O BRASIL PRECISA DE SERRA E FHC!O Brasil precisa de Serra e FHC para esquecer o passado;
O Brasil precisa de Serra e FHC para se lembrar de não mais abaixar servilmente a cabeça para países arrogantes e de natureza imperialista;
O Brasil precisa de Serra e FHC para mostrar a si mesmo e ao mundo que outro país é possível;
O Brasil precisa de Serra e de FHC para sempre se lembrar que não é preciso chegar ao limite da irresponsabilidade;
O Brasil precisa de Serra e de FHC para, desmentindo-os, jamais privatizar sua riqueza e entregar o país a grupos internacionais;
O Brasil precisa de Serra e FHC para mostrar, na prática, que criar 15 milhões de empregos em carteira não é uma questão de promessa eleitoral;
O Brasil precisa de Serra e FHC para, paradoxalmente ignorando-os, mostrar ao povo brasileiro como é possível manter em mãos do país uma empresa como a Petrobrás, sem descaracterizá-la ou entregá-la a grupos estrangeiros;
O Brasil precisa de Serra e FHC para, ao contrário deles, perceber que o mundo começa à nossa volta, com os nossos vizinhos da América do Sul e do Caribe;
O Brasil precisa de Serra e FHC, enfim, para sacudir a poeira do atraso, o colonialismo cultural e assumir em definitivo o seu destino de grande nação.
Na parede da ante-sala desse novo país que, tudo indica, está sendo construído, será preciso colocar o retrato emoldurado desses dois personagens. E olhando-o, sem qualquer saudade, ainda assim invocarmos o grande poeta mineiro usando o tempo do verbo de nossa lamentação no passado: “E como doeu!”.
Será essa, com certeza, a história política brasileira contemporânea que, entre inúmeros exemplos, evidencia o caso dos cidadãos José Serra e Fernando Henrique Cardoso, dois expoentes de uma, seja dita, esquerda política, que nada mais representou até hoje do que o sonho social democrata em ninhos de esquerda de matizes socialistas, enquanto ser de esquerda era a “moda”, ainda que arriscada e perigosa. Em particular dentro do âmbito muitas vezes elitista e acadêmico das universidades. Os caminhos do exílio e do banimento durante e após o golpe de 64 têm, a esse respeito, histórias bem diferentes para serem contadas.
A trajetória desses dois expoentes do PSDB é emblemática em vários sentidos: FHC pelo exercício aligeirado e elegante do mando político, mas desprovido de maior conteúdo; Serra pela obsessão em chegar à presidência da república, gabando-se de ser um dos brasileiros mais preparados para isso.
FHC comandou um país subalterno e dependente economicamente de empréstimos obtidos junto ao Fundo Monetário Internacional, vendendo a trinta dinheiros várias empresas públicas, incentivando o verdadeiro mensalão para a aprovação da reeleição em causa própria, deixando varrer para debaixo do tapete a grande negociata das privatizações, eliminando conquistas trabalhistas de décadas, mantendo um salário mínimo de fome, sucateando e mercantilizando a educação e as escolas e universidades, negligenciando a saúde, para lá indicando seu fiel escudeiro e até então protegido.
Essa escola de “bem governar”, que pretendeu permanecer 20 anos ou mais no poder federal (em parte conseguindo o seu intento no governo de São Paulo), foi – enquanto isso – gerando em seu ninho um quadro que levasse à frente o programa neoliberal com algumas tinturas menos ortodoxas, fazendo-o caminhar pelas instâncias do Ministério da Saúde, do governo do Estado de São Paulo e da prefeitura de São Paulo, mandatos nem todos eles concluídos, é bom lembrar, tamanha a obsessão do candidato ao cargo pretendido.
O Brasil desses dois homens, nesses tempos informatizados, em que a realidade muda com grande rapidez, se transformou também rapidamente num Brasil do passado; no Brasil dos envergonhados de serem brasileiros; no Brasil dos subalternos, da política externa submissa, dos que adoram encher a boca para falar mal do seu país; no Brasil dos arrogantes de títulos acadêmicos e de togas acima do bem e do mal, dos que comem peru e pensam arrotar caviar; no Brasil das citações de pé de página; no Brasil em que muitos insistem na justiça mais flexível para a Casa Grande e na mais rígida obediência às leis para a senzala; no Brasil dos que ainda anseiam por golpes militares; no Brasil da improvisação no lugar do conhecimento, muitas vezes maquiada de competência; no Brasil dos armários cheios de esqueletos físicos e morais; no Brasil de um passado que tem medo da verdade; no Brasil de uma imprensa chantagista e irresponsável, legando aos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef, o pesado fardo de consertar muita sujeira e muita incompetência de se passado mais recente, tão evidente e tão escondido pela mídia.
Vistos os fatos por essa perspectiva, mas com os olhos confiantes postos no futuro e nas transformações que vão, pouco a pouco acontecendo interna e externamente, é que se pode afirmar: O BRASIL PRECISA DE SERRA E FHC!O Brasil precisa de Serra e FHC para esquecer o passado;
O Brasil precisa de Serra e FHC para se lembrar de não mais abaixar servilmente a cabeça para países arrogantes e de natureza imperialista;
O Brasil precisa de Serra e FHC para mostrar a si mesmo e ao mundo que outro país é possível;
O Brasil precisa de Serra e de FHC para sempre se lembrar que não é preciso chegar ao limite da irresponsabilidade;
O Brasil precisa de Serra e de FHC para, desmentindo-os, jamais privatizar sua riqueza e entregar o país a grupos internacionais;
O Brasil precisa de Serra e FHC para mostrar, na prática, que criar 15 milhões de empregos em carteira não é uma questão de promessa eleitoral;
O Brasil precisa de Serra e FHC para, paradoxalmente ignorando-os, mostrar ao povo brasileiro como é possível manter em mãos do país uma empresa como a Petrobrás, sem descaracterizá-la ou entregá-la a grupos estrangeiros;
O Brasil precisa de Serra e FHC para, ao contrário deles, perceber que o mundo começa à nossa volta, com os nossos vizinhos da América do Sul e do Caribe;
O Brasil precisa de Serra e FHC, enfim, para sacudir a poeira do atraso, o colonialismo cultural e assumir em definitivo o seu destino de grande nação.
Na parede da ante-sala desse novo país que, tudo indica, está sendo construído, será preciso colocar o retrato emoldurado desses dois personagens. E olhando-o, sem qualquer saudade, ainda assim invocarmos o grande poeta mineiro usando o tempo do verbo de nossa lamentação no passado: “E como doeu!”.
Escritor e dramaturgo. Autor da peça “Uma Questão de Imagem” (Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos) e do livro “Teatro de Arena: Uma Estética de Resistência”, Editora Boitempo.
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