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quarta-feira, 25 de julho de 2012

A saga dos lacerdinhas e o fim do monopólio do rótulo. A UDN sempre!

A UDN ESTÁ VIVINHA DA SILVA.


Juremir Machado da Silva  No Correio do Povo


A saga dos lacerdinhas e o fim do monopólio do rótulo.

Durante muito anos, ouvindo rádio, vendo televisão e lendo jornais, eu me espantava com uma unanimidade: todos os dias os mesmos rotulavam as mesmas pessoas.



Todos os dias os mesmos rotulavam pomposamente seus oponentes de:

- Radicais
– Xiitas
– Fundamentalistas
– Ecochatos
– Malas
– Ignorantes
– Retrógrados
– Intransigentes
– Fanáticos
– Raivosos
– Obcecados ideológicos


Faziam isso em vários registros: ataques diretos, tom de ironia, pretenso humor, etc.
Tinham o monopólio do insulto, da rotulação, da etiquetagem.

Só eles falavam. Era tanta convicção que não parecia haver espaço para a dúvida ou para o questionamento. Quem ia ver de muito perto o que estava acontecendo, claro, descobria o óbvio:


– Radicais, xiitas, fundamentalistas, malas, ecochatos, ignorantes, retrógrados, intransigentes, raivosos, fanáticos e obcecados ideológicos era todos os que atrapalhavam os interesses daqueles que tinham o monopólio do rótulo na mídia amiga.


Curiosamente quase todos os rótulos aplicados por eles cabiam-lhes perfeitamente. Os lacerdinhas podem ser definidos, caracterizados e explicados aos marcianos como:


– Radicais
– Xiitas
– Fundamentalistas
– Agrochatos
– Malas
– Ignorantes
– Retrógrados
– Intransigentes
– Raivosos
– Fanáticos
– Obcecados ideológicos



Há uma diferença: um lacerdinha é fanático, um obcecado ideológico que se acha neutro, acima das ideologias, objetivo, imparcial, detentor da verdadeira verdade.



Cansei de ver pessoas de diferentes partidos, marxistas ou não, sendo rotulados com a maioria das etiquetas aqui apresentadas como sendo meras constatações.



– Leonel Brizola era radical
– Maria do Rosário era fanática, raivosa, intransigente, etc.
– Luciana Genro idem
– Henrique Fontana também
– Heloísa Helena nem se fala.



Toda a esquerda era fundamentalista, fanática, ideológica, intransigente, etc.
Que estranho, que curioso: Paulo Maluf nunca recebia esses rótulos.


 Podia ser chamado de ladrão, mas de fanático e obcecado ideológico, pelos rotuladores da mídia, não.


Aprendi que todos os fanáticos e radicais eram bem menos fanáticos e radicais que seus rotuladores, que chegavam, e chegam, a babar de raiva e fanatismo quando os rotulam.



Nos últimos anos, depois da morte do fanático principal da mídia fashion, Paulo Francis, que herdara a verve inescrupulosa de Carlos Lacerda, surgiu uma penca de lacerdas com menos brilho, mas com muita baba ideológica: Olavo de Carvalho, o autodenominado filósofo Pondé, Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Ali Kamel, Demétrio Magnoli e outros lacerdões, campões de mediocridade obscena, que são os ídolos de lacerdinhas regionais e de lacerdinhas sem mídia, numa cadeia ideológica disseminada.



Falo tudo isso pelo seguinte: muitos lacerdinhas estão ofendidos.


Não aceitam ser rotulados. Acham que rotulá-los é desqualificação inaceitável, agressiva e injusta.



Não admitem expressões como “cérebro de ervilha”.



Sentem-se saudades do tempo em que só eles podiam rotular.


 Dez maneiras de identificar um lacerdinha:


1 – Um sujeito que, em nome da direita, diz que não há mais direita e esquerda, fazendo, em seguida, um discurso furioso, radical e fanático contra a esquerda que não
existe.

2 – Um cara que, em defesa da sua ideologia, afirma que não existem mais ideologias e, na sequência, faz um discurso ideológico fanático contra o ideologismo de esquerda.

3 – Um sujeito que treme de fúria ideológica, chamando seus oponentes de burros, atrasados, imbecis, perigosos e radicais, em nome da neutralidade analítica.





4 – Um cara que, ao ouvir uma crítica a um ditador de direita, acha que haverá necessariamente a defesa de um ditador de esquerda.



5 – Uma figura que jamais criticou a Lei do Boi – cotas para filhos de fazendeiros em universidades públicas –, mas é contra cotas raciais e até sociais.



6 – Um tipo que defende a democracia, mas está disposto a apoiar ditaduras de direita se elas lhe trouxeram benefícios econômicos e silenciarem seus oponentes.



7 – Um “ponderado” analista, defensor do Estado mínimo, que exigirá um Estado máximo quando sua empresa estiver falindo ou precisando de um empréstimo a juros baixos.



8 – Um crítico ferrenho de políticas de compensação por falta de oportunidades equivalentes salvo quando, como produtor, exige compensações por se sentir sem condições equivalentes para competir, por exemplo, no mercado internacional.







9 – Um indivíduo que passa a vida classificando as pessoas em nós e eles, fanáticos e razoáveis, estúpidos e racionais, xiitas e ponderados, e, quando classificado de lacerdinha, faz longos discursos contra esse tipo de simplificação classificatória.



10 – O representante de grupos que sempre encontraram maneiras de obter benefícios a partir de casuísmos, leis de exceção, contingências mais ou menos justificadas, contextos sociais e históricos, mas que, quando seus oponentes se organizam para tirar-lhes privilégios ou reparar prejuízos históricos, transformam-se em defensores de princípios pretensamente racionais, abstratos e universais de concorrência.
Há outras maneiras de identificar um la
cerdinha, mais práticas:



– Contra o golpismo de Chávez, mas a favor do golpe no Paraguai



– Contra cotas, aquecimento global, áreas de proteção permanente, pagamento de multas por destruição do meio ambiente, código florestal ambientalista, impostos sobre grandes fortunas, bolsa-família, Prouni e outras políticas ditas assistencialista.



– A favor de incentivos fiscais para empresas multinacionais.



– Contra comissão da verdade e qualquer investigação que possa deixar mal os torturadores do regime militar brasileiro implantado em 1964.



Contra a corrupção, especialmente se envolver políticos de esquerda, sem a mesma verve quando se trata de alguma corrupto de direita.



– Sempre pronto a chamar de petista quem lhe pisar nos calcanhares.


– Estrategicamente convencido de que a corrupção no Brasil foi inventada pela esquerda.


– A favor da universidade pública para os melhores, desde que o sistema não se alterne e os melhores continuem sendo majoritariamente os filhos dos mais ricos e com melhores condições de preparação e de ganhar uma corrida pretensamente objetiva e neutra.



– A favor, quando se fala em cotas, de melhorar o nível do ensino básico e de ampliar as vagas para evitar políticas discriminatórias, esquecendo das tais melhorias assim que o assunto sai da pauta da mídia ou é superado por alguma final de campeonato.



– Defensor da ideia de que, na vida, é cada um por si, salvo se houver quebra de safra, redução nos lucros, crise econômica internacional ou qualquer prejuízo maior. Nesses casos, o Estado deixa de ser tentacular, abstrato e opressor para ser uma associação de pessoas em favor dos interesses da sociedade na sua totalidade.


Faça o teste: quem preencher 60% dessas características é um lacerdinha.
Teste definitivo: lacerdinha é todo cara que se ofende ao ser chamado de lacerdinha.

Um comentário:

  1. Publique uma materia sobre as greves do funcionalismo publico e fale aqui sobre como é e o que ocorre e o que querem os grevistas ! Viva ao povo ! ;)

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