Além do Cachoeira, Brindeiro Gurgel, engavetou outros processos de pessoas ligadas ao
PSD(EM)B.
NO SITE DO NOVOJORNAL:
Diante do crescente rumor da possível apresentação
do pedido de impeachment do procurador geral, Roberto Gurgel, perante o Senado
Federal, assunto que vem sendo debatido nas reuniões ocorridas nos últimos dias
em Brasília, tanto entre os integrantes do Congresso Nacional (Câmara e Senado)
que defendem a presença de Gurgel para depor perante a CPMI do Cachoeira, como
da alta cúpula do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria Geral da República
com integrantes da bancada do PSDB no Senado.
Em busca de resposta da real possibilidade
legislativa da instalação deste procedimento, Novojornal consultou
constitucionalistas e assessores da área no Senado apurando que realmente o
maior risco que ronda o procurador-geral, Roberto Gurgel, não tem relação com
seu depoimento na CPMI do Cachoeira e sim da instalação do processo para seu
julgamento perante o Senado Federal. Sua convocação para comparecer perante a
CPMI do Cachoeira serviria apenas de instrumento para estabelecer o
contraditório e caso negada pelo Supremo, criar ambiente propício para o
impeachment.
O Senado Federal possui função de exclusiva
competência, como descrito no Art. 52 da Constituição Federal, ou seja:
Processar e julgar: Presidente da República, Vice Presidente, Ministros do
Supremo Tribunal Federal, Membros do Conselho de Justiça e do Conselho Nacional
do Ministério Público, Procurador-Geral da República, Advogado-Geral da União
e, nos crimes conexos ao Presidente e Vice, Ministros de estado, Comandantes da
Forças Armadas.
Se instaurado o processo de impeachment de Gurgel,
este seria o primeiro em relação a um procurador-geral ocorrido na história
republicana do Brasil, assim como foi o do ex-presidente e atual senador
Fernando Collor em relação a chefe do Executivo. Este fato vem aterrorizando além
de Gurgel os membros do Supremo Tribunal Federal, sujeitos à igual
procedimento. Não por outro motivo que os ministros do STF já saíram na defesa
de Gurgel.
Segundo constitucionalistas consultados, o
impedimento alegado por Gurgel para não comparecer perante a CPMI do Cachoeira,
foge totalmente da realidade legal e constitucional, e a possível ingerência do
STF seria indevida, quebrando a ordem constitucional de independência e
autonomia dos Poderes, piorando ainda mais a questão, uma vez que, em função
desta ingerência, justificar-se-ia a instalação do procedimento de investigação
previsto no art. 52 da Constituição Federal.
Caso Gurgel pretenda evitar seu julgamento pelo
Senado Federal e possível impeachment, terá que renunciar antes da instalação
do procedimento. Segundo os assessores legislativos consultados por Novojornal,
de nada adiantará a atuação do presidente da Casa Legislativa, senador, José
Sarney, embora o mesmo possa nos termos regimentais determinar o arquivamento
do pedido de impeachment, com base no mesmo regimento caberia recurso ao
plenário, onde os que pretendem investigar Gurgel sabidamente têm maioria.
Segundo informou um dos participantes da reunião
ocorrida na última quarta-feira (09/05), os integrantes do grupo de
congressistas que defendem a convocação de Gurgel para depor na CPMI estariam
torcendo para que o procurador-geral recorra ao STF, na opinião deles o
procurador geral conseguiria a autorização para não comparecer, desta forma
motivando e antecipando a instalação do procedimento de Impeachment. Pelo
apurado por Novojornal no Senado, no Supremo e na PGR estaríamos
próximos a uma crise institucional entre os Poderes com conseqüências
imprevisíveis.
Integrantes do MP que atribuem ao PT à articulação
da convocação de Gurgel para posterior impeachment, já estariam articulando
junto às diversas procuradorias regionais e estaduais iniciativas para “dar o
troco”. Neste sentido, em São Paulo, o MP já anunciou que usará as provas
colhidas no julgamento do assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso
Daniel, no julgamento de outra ação que corre na Justiça, vinculando o crime a
um suposto esquema de corrupção do PT.
A Justiça aceitou a denúncia da Promotoria que tem
como réus o PT e o atual ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da
Presidência). A acusação é de desvio de R$ 5,3 milhões dos cofres de Santo
André para financiar campanhas do PT. Ação de improbidade administrativa corre
paralelamente à esfera criminal. A Promotoria sustenta que Daniel descobriu que
parte do dinheiro desviado para o caixa dois do PT foi embolsado por envolvidos
no esquema, entre eles seu ex-segurança, Sérgio Gomes da Silva, o Sombra. A
partir daí, Gomes da Silva teria contratado um grupo para matar o prefeito.
O suposto esquema de desvios e fraudes em
licitações foi repetido à exaustão nos dois júris pelos promotores, que apontam
Gilberto Carvalho como responsável, segundo a denúncia, por transportar dinheiro
em espécie até as mãos do então presidente do partido, José Dirceu. Ambos negam
as acusações. O processo teve andamento na semana passada com a convocação de
testemunhas para prestar depoimento no dia 30 de julho no ABC.
"As ações estão coligadas e o fato motivador é
o mesmo", disse o promotor Márcio Augusto Friggi, responsável pela
acusação no júri de anteontem. Ele também é um dos responsáveis pelo processo
que tramita em Santo André. "A idéia é que os resultados desses processos
sejam informados uns nos outros para que possam servir de base para a
decisão." Informando ainda que a expectativa da Promotoria é que o caso
seja julgado ainda neste ano, "se não houver nenhum incidente".
Por sua vez, partidos políticos dos parlamentares
que defendem a investigação de Gurgel, já estariam arregimentando movimento
popular para exigir o impeachment do procurador-geral, a exemplo do ocorrido no
“Fora Collor”.
Novojornal apurou que
o comportamento do PSDB e do DEM, de apoio ao procurador geral não teria nada
de “moderador em busca de tranqüilidade” no relacionamento entre as
instituições republicanas, estaria negociando seu apoio em troca do não
julgamento do Mensalão do PSDB, que envolve o ex-senador, hoje Deputado,
Eduardo Azeredo, assim como a não apresentação da denúncia relativa à “Lista de
Furnas”, em andamento há seis anos no Ministério Público Federal (MPF) do Rio
de Janeiro. Investigações onde até agora, ninguém foi denunciado.
Segundo o MPF do Rio, o inquérito está na fase de
análise de um relatório preparado pela Polícia Federal (PF), em Brasília,
informando as diligências realizadas. O inquérito que investiga a lista possui
três volumes principais e 114 anexos. Ainda segundo o MPF a investigação pode
resultar em apresentação de denúncia à Justiça, o arquivamento ou a requisição
de mais diligências pela PF.
Considerada um verdadeiro fantasma de políticos de
vários partidos, principalmente do PSDB e do PFL, hoje DEM, a lista registra
contribuições de campanha, num esquema de caixa dois, em suposto benefício de
156 políticos da base do Governo do ex-presidente Fernando Cardoso, em 2002.
Também em negociação estaria a AC 2280 que analisa o envolvimento de Cesar Maia
no caso de Furnas entregue ao procurador federal de Brasília, Ronaldo Meira
Alboli.
Além da negociação anteriormente citada,
congressistas do PSDB e DEM sabem que os defensores da convocação de Gurgel,
têm provas da intervenção do procurador geral, na inércia da atuação do
Ministério Público Federal em ação relativa à Lista de Furnas na Justiça Federal
do Rio de Janeiro e irão questioná-lo a este respeito em seu depoimento.
Enquanto Gurgel e a instituição que ele dirige
continuam sangrando, criando ambiente propício para negociações políticas onde
as questões deveriam ser apenas jurídicas, o CNMP (Conselho Nacional do
Ministério Público) constitucionalmente competente para solucionar o que está
ocorrendo em relação à atuação de integrantes do MP, encontra-se imobilizado
conforme notícia publicada por Novojornal: “No Conselho Nacional do Ministério
Público está tudo dominado”.
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