Eles não são independentes. Seus blogs e colunas ou estão abrigados em portais da grande mídia, ou simplesmente funcionam como uma extensão das suas "casas editoriais".
Atualmente, quase sempre usam a rede para atuar em defesa dos seus empregadores.
Qualquer crítica á atuação do cartel da grande imprensa ou de um de seus veículos é rebatida imediatamente por eles, que exercem um papel de integral subserviência ao patronato midiático.
Gostam de colocar apelidos depreciativos na blogosfera livre (pelo simples fato de que essa incomoda o patronato). E gostam também de atribuir a esta aquilo que seus chefes muitas vezes motivaram, mesmo contra pessoas indefesas (como no caso Escola Base e do Bar Bodega): difamações, calúnias, injúrias.
Eles são os jornalistas cães de guarda, uma distorção do wacht dog journalism, expressão cunhada nos EUA, anos 60, para designar a função (auto-atribuída pelos jornalistas) de proteger a sociedade contra ilegalidades, iniquidades e, principalmente, defendê-la dos abusos dos poderes políticos e econômicos.
De lá para cá, muita coisa mudou.
Hoje a grande imprensa não é só o quarto poder, mas, possivelmente, configura-se como o mais influente entre todos os poderes.
Na maioria dos casos, os cães de guarda são jornalistas que alcançaram certo status dentro da empresa, possivelmente, pelo seu potencial de submissão. Em suas colunas, blogs e mesmo twitters, jamais ousam discordar da linha editorial da empresa, das suas escolhas políticas, das suas visões econômicas.
No Brasil, a lealdade dos cães de guarda é ainda pior (para a sociedade) por conta da forte concentração dos meios de comunicação na mão de poucos. Além disso os barões estão associados como num cartel. Ligam-se e combinam estratégias de atuação conjunta. Não há concorrência entre os grandes grupos: Globo, Abril, Folha e Estadão. Hà colaboração somente, e qualquer critica sofrida por um deles será respondida imediatamente pelos outros três.
O caso do envolvimento de um diretor da revista Veja com o crime organizado é um bom exemplo do funcionamento do cartel e da função exercida pelos cáes de guarda.
Até agora, Frias e Marinhos já se pronunciaram em defesa cega aos Civitas, que estão sob suspeita de terem permitido o uso da sua principal revista para negócios escusos praticados por Carlinhos Cachoeira.
A atuação dos donos da mídia em socorro ao cartel era mais que esperado.
Mas o que ficou bem claro nestas últimas semanas é que, além dos chefes, por meio de seus editoriais, também as empresas hegemônicas da mídia nacional contam com a solidariedade irrestrita de um grupo (ainda que pequeno) de jornalistas subservientes, submissos que, por conta própria ou por encomenda, partem para o ataque contra aqueles que colocaram em questão a atuação das grandes empresas.
Eles não defendem somente a própria casa. Atuam em defesa das mansões vizinhas, possivelmente, de olho na possibilidade de serem adotados pelos outros donos, caso precisem.
Nestes tempos, é sempre bom lembrar a lição de Mário Pannunzio, jornalista e político italiano: "Per essere un buon giornalista basta saper dire no al direttore e al redattore capo".
Além de saírem ao ataque contra todos que ousarem criticar seus chefes, eles cumprem outras funções como denunciar colegas de trabalho, e ameaçar, com sua presença, jornalistas que por acaso não concordem com a direção que a empresa está tomando.
Mas como identificar um jornalista cão de guarda? É tarefa simples: leia o editorial da empresa; depois leia o que escrevem estes jornalistas. Se a versão é a mesma, dê um passo atrás.
Pois você está diante de um jornalista cão de guarda - com sua lealdade
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