Vozes do passado querem arrocho
JOSÉ DIRCEU (*)
A surda e permanente campanha pelo arrocho salarial continua em pauta. O argumento usado pelos defensores da tese é o de sempre: o aumento de salários no mercado – que aufere ganhos acima da produtividade - traria supostos riscos de aumento da inflação.O tema ressurgiu, hoje, em matéria da Folha de São Paulo, na qual se afirma que, para atender à crescente demanda da população por bens e serviços, empresas no Brasil estariam contratando novos profissionais – pouco qualificados e ineficientes - por salários cada vez mais altos. Segundo fontes ouvidas na reportagem, essa nova pressão sobre os custos estaria alimentando a inflação.
O velho argumento está longe de ser fato. Mas revive de fantasmas de um passado, quando o Brasil sobrevivia a uma realidade em que se somava a ausência de crescimento, à inflação e a um déficit público fora do controle.
O quadro, no entanto, agora é outro.
Na contramão da história
Mas, na contramão da história, vozes do passado iniciaram mais uma campanha na mídia.
Querem pressionar o governo a não dar aumentos reais aos trabalhadores e aos aposentados, via salário mínimo. Representam grupos que não se conformam com o fato de a maioria das categorias obter, pela primeira vez, aumentos acima da inflação e de participar dos ganhos da produtividade.
Essas vozes querem - querem porque querem! - apelar para a via da redução dos aumentos salariais, quando o país deveria, isto sim, formar mão de obra, expandir o ensino técnico, aumentar a produção e a prestação de serviços. Já é hora de abandonarmos, de vez, o embolorado mantra da redução do crescimento da economia.
(*) Ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado federal. Texto extraído do seu blog
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