CORREIO de Uberlândia fez o trajeto terrestre entre Porto Velho, no Brasil, e Iquique, no Chile.
Alexandre Henry Alves - Colaborador
Durante 14 dias, o CORREIO de Uberlândia percorreu 6,2 mil km pelo Norte do Brasil, Peru e norte do Chile, saindo de Porto Velho, em Rondônia, até chegar à cidade chilena de Iquique. Toda a viagem foi feita em um carro de passeio, modelo Honda Fit, que superou com facilidade os poucos obstáculos ainda existentes (na próxima quinta-feira, confira a segunda parte da reportagem).
A Estrada do Pacífico, como é chamada pelos brasileiros, o Carretera Interoceânica, denominação mais comum entre os peruanos, é um ambicioso projeto de ligação rodoviária entre o norte do país, especialmente os estados de Mato Grosso, Rondônia, Acre e sul do Amazonas, aos portos peruanos localizados no Oceano Pacífico, com destaque para os de Matarani e de Ilo.
Com isso, o Brasil poderá exportar suas mercadorias com mais facilidade para os países da Ásia, sem ter que pagar por fretes de navio que contornem o sul do continente ou que passem pelo Canal do Panamá.
Já o Peru terá acesso mais rápido aos mercados da Europa e da África, pois já existe no Brasil uma importante hidrovia a partir de Porto Velho, em Rondônia, que utiliza os rios Madeira e Amazonas para ter acesso ao Oceano Atlântico.
DAS TERRAS DE CHICO MENDES ATÉ A FRONTEIRA
A viagem realizada pelo colaborador do CORREIO teve início em Porto Velho e, no primeiro dia, percorreu os 500 quilômetros Rio Branco, no Acre. A estrada é toda asfaltada e os trechos com buracos estão sendo recuperados.
Atualmente, a dificuldade maior é apenas em relação à travessia do rio Madeira, localizada a 220 quilômetros da capital rondoniense.
Na época da seca, especialmente de julho a outubro, as balsas são obrigadas a fazer um trajeto maior, o que pode ocasionar filas de espera para o embarque.
Rio Branco é uma capital renovada, com museus, áreas de lazer e parques que convidam a, pelo menos, dois dias de estadia, oportunidade para o turista conhecer um pouco mais sobre o Estado que lutou para pertencer ao Brasil, bem como abrigou grandes ciclos de produção de borracha a partir do látex da seringueira.
A viagem segue por mais 175 quilômetros até Xapuri, onde viveu o sindicalista e seringueiro Chico Mendes. Na cidade, é possível visitar a casa onde ele passou a última fase de sua vida e foi brutalmente assassinado, assim como um pequeno museu em sua memória.
Seguindo-se por mais 65 quilômetros, chega-se a duas cidades brasileiras gêmeas, Brasileia e Epitaciolândia, que não representam grandes atrativos turísticos, mas têm hotéis e restaurantes em boa quantidade para servir de ponto de apoio.
Além disso, são vizinhas de Cobija, na Bolívia, que concentra uma importante zona franca com venda de perfumes, bebidas, eletrônicos e outros produtos a preços bastante acessíveis.
A viagem em terras brasileiras termina em Assis Brasil, a 112 km de Brasileia. Estamos na tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Peru. No lado peruano, a cidade de Iñapari é o ponto de partida para a nova etapa da aventura. Antes, porém, é preciso fazer os procedimentos de imigração na Polícia Federal brasileira, cujo posto de controle fica na própria rodovia, e também nos órgãos peruanos, na avenida principal de Iñapari, para que tanto os passageiros quanto o veículo sejam autorizados a entrar naquele país.
É um procedimento burocrático, mas que não demanda mais do que uma hora do viajante.
A SUBIDA DA CORDILHEIRA
A primeira cidade de destaque no Peru, a cerca de 220 quilômetros da divisa com o Brasil, é Puerto Maldonado. Ainda estamos na planície amazônica, a vegetação é alta, as curvas são escassas e todo o trajeto é feito sobre asfalto de boa qualidade e com muita sinalização, embora a quantidade excessiva de quebra-molas atrase um pouco a viagem.
Não é aconselhável viajar à noite, pois no Peru muitas propriedades rurais não têm cercas e, com isso, a quantidade de animais na pista, inclusive de grande porte, é muito grande, causando riscos para os condutores.
Puerto Maldonado é uma cidade simples, com muitas motos e triciclos, que oferece como atrativo passeios pela floresta amazônica, que podem ser contratados em agências na própria cidade. Para se entrar na cidade, ainda é necessário cruzar o rio Madre de Dios por meio de uma balsa, mas a bela ponte que está sendo construída deve ficar pronta até abril do próximo ano.
Os preços no Peru são mais acessíveis que no Brasil. A moeda se chama Sol e para cada R$ 1 a reportagem conseguiu S/ 1,55 de câmbio. Aliás, a melhor cotação foi conseguida logo na divisa, em Iñapari, com mulheres que ofereciam câmbio na imigração peruana.
A gasolina no país é vendida com base em galões (3,6 litros), a um preço cerca de 30% menor do que no Brasil. A alimentação é barata e dificilmente uma pessoa precisa de mais do que R$ 12 para uma farta refeição em um restaurante simples. Os hotéis seguem a mesma linha. Em resumo, o Peru não é um país caro.
A 180 quilômetros de Puerto Maldonado, ainda em região de floresta amazônica, a Estrada do Pacífico se divide em dois trechos distintos: o trecho à esquerda dá acesso mais rápido à região do Lago Titicaca, enquanto à direita se chega a Cuzco, distante 240 km daquele ponto. O CORREIO fez a viagem por esse trecho direito, lá chamado de Tramo 2 da Carretera Interoceânica.
Aos poucos, a estrada começa sua subida e a vegetação vai se alterando, com as árvores diminuindo de tamanho e o clima ficando mais frio.
A partir de Quince Mil, a ascensão se torna muito mais forte, a rodovia passa a ser formada por inúmeras curvas e abismos, as árvores vão desaparecendo até se atingir o ponto mais alto, a cerca de 4.720 metros acima do nível do mar. As paisagens são impressionantes e os picos nevados dos Andes fazem companhia ao turista nesse ponto da Estrada do Pacífico.
Em seguida, as curvas diminuem um pouco, até se chegar a uma região de vales a mais de 3 mil metros de altitude, onde se localiza Cuzco, um dos destinos turísticos mais famosos do mundo.
O ACESSO AOS PORTOS DO SUL
Para os turistas brasileiros, Cuzco deve ser o principal destino, pois tem museus, construções históricas, sítios arqueológicos e, principalmente, é o ponto de partida para quem deseja conhecer Machu Picchu, a famosa cidade perdida dos Incas. A visita ao Vale Sagrado, uma região rica em construções feitas pelos povos pré-hispânicos, também pode ser feita de carro por estradas asfaltadas. Apenas o acesso a Machu Picchu ainda continua sendo feito exclusivamente por trem.
Outro ponto que deve atrair o interesse dos brasileiros é a região do belo lago Titicaca, um dos mais altos do mundo. De Cuzco a Puno, cidade peruana que serve de apoio para visitas ao lago, são cerca de 390 km de estrada de asfalto bem conservada, com apenas alguns trechos mais deteriorados perto de Juliaca.
O caminho é belo, passando inicialmente por um vale e, uma centena de quilômetros depois, adentrando no altiplano andino, onde a paisagem semidesértica é completada por pastores cuidando de seus rebanhos nas montanhas. A partir de Puno, pode-se conhecer também Copacabana, famosa cidade turística no lado boliviano do lago Titicaca, porta de entrada para as ilhas do Sol e da Lua, bem como visitar La Paz, a capital da Bolívia. Todo o acesso é feito por meio de estradas asfaltadas e a distância de Puno a La Paz é de cerca de 260 km. Outra opção é deixar o carro na fronteira entre os dois países e tomar um táxi-lotação, cuja viagem até La Paz é feita em uma hora e meia e custa apenas R$ 10.
Para o comércio internacional, porém, o caminho mais curto para os portos peruanos não passa por Puno. Como dito, há o trecho 4 da Estrada do Pacífico, que se inicia ainda na região amazônica, após Puerto Maldonado, e chega diretamente a Juliaca, um grande entroncamento rodoviário peruano. Para quem vem de Cuzco com destino ao lago Titicaca, Juliaca também é passagem obrigatória.
Desse entroncamento, é possível pegar a estrada para Arequipa, segunda maior cidade peruana. O CORREIO percorreu os 280 km entre Juliaca e Arequipa e constatou que a estrada de asfalto está em excelente condição, mesmo no trecho mais próximo ao destino final, quando se desce parte da Cordilheira por um caminho cheio de curvas.
De Arequipa ao porto de Matarani são cerca de 100 km. Se o destino for o porto de Ilo, mais ao sul, percorrem-se mais 260 km após Arequipa, sempre por estradas asfaltadas e em boas
condições.
A Estrada do Pacífico, como é chamada pelos brasileiros, o Carretera Interoceânica, denominação mais comum entre os peruanos, é um ambicioso projeto de ligação rodoviária entre o norte do país, especialmente os estados de Mato Grosso, Rondônia, Acre e sul do Amazonas, aos portos peruanos localizados no Oceano Pacífico, com destaque para os de Matarani e de Ilo.
Com isso, o Brasil poderá exportar suas mercadorias com mais facilidade para os países da Ásia, sem ter que pagar por fretes de navio que contornem o sul do continente ou que passem pelo Canal do Panamá.
Já o Peru terá acesso mais rápido aos mercados da Europa e da África, pois já existe no Brasil uma importante hidrovia a partir de Porto Velho, em Rondônia, que utiliza os rios Madeira e Amazonas para ter acesso ao Oceano Atlântico.
DAS TERRAS DE CHICO MENDES ATÉ A FRONTEIRA
A viagem realizada pelo colaborador do CORREIO teve início em Porto Velho e, no primeiro dia, percorreu os 500 quilômetros Rio Branco, no Acre. A estrada é toda asfaltada e os trechos com buracos estão sendo recuperados.
Atualmente, a dificuldade maior é apenas em relação à travessia do rio Madeira, localizada a 220 quilômetros da capital rondoniense.
Na época da seca, especialmente de julho a outubro, as balsas são obrigadas a fazer um trajeto maior, o que pode ocasionar filas de espera para o embarque.
Rio Branco é uma capital renovada, com museus, áreas de lazer e parques que convidam a, pelo menos, dois dias de estadia, oportunidade para o turista conhecer um pouco mais sobre o Estado que lutou para pertencer ao Brasil, bem como abrigou grandes ciclos de produção de borracha a partir do látex da seringueira.
A viagem segue por mais 175 quilômetros até Xapuri, onde viveu o sindicalista e seringueiro Chico Mendes. Na cidade, é possível visitar a casa onde ele passou a última fase de sua vida e foi brutalmente assassinado, assim como um pequeno museu em sua memória.
Seguindo-se por mais 65 quilômetros, chega-se a duas cidades brasileiras gêmeas, Brasileia e Epitaciolândia, que não representam grandes atrativos turísticos, mas têm hotéis e restaurantes em boa quantidade para servir de ponto de apoio.
Além disso, são vizinhas de Cobija, na Bolívia, que concentra uma importante zona franca com venda de perfumes, bebidas, eletrônicos e outros produtos a preços bastante acessíveis.
A viagem em terras brasileiras termina em Assis Brasil, a 112 km de Brasileia. Estamos na tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Peru. No lado peruano, a cidade de Iñapari é o ponto de partida para a nova etapa da aventura. Antes, porém, é preciso fazer os procedimentos de imigração na Polícia Federal brasileira, cujo posto de controle fica na própria rodovia, e também nos órgãos peruanos, na avenida principal de Iñapari, para que tanto os passageiros quanto o veículo sejam autorizados a entrar naquele país.
É um procedimento burocrático, mas que não demanda mais do que uma hora do viajante.
A SUBIDA DA CORDILHEIRA
Após subir a Cordilheira, a vegetação muda completamente e a sensação é de estar em uma região quase desértica |
A primeira cidade de destaque no Peru, a cerca de 220 quilômetros da divisa com o Brasil, é Puerto Maldonado. Ainda estamos na planície amazônica, a vegetação é alta, as curvas são escassas e todo o trajeto é feito sobre asfalto de boa qualidade e com muita sinalização, embora a quantidade excessiva de quebra-molas atrase um pouco a viagem.
Não é aconselhável viajar à noite, pois no Peru muitas propriedades rurais não têm cercas e, com isso, a quantidade de animais na pista, inclusive de grande porte, é muito grande, causando riscos para os condutores.
Puerto Maldonado é uma cidade simples, com muitas motos e triciclos, que oferece como atrativo passeios pela floresta amazônica, que podem ser contratados em agências na própria cidade. Para se entrar na cidade, ainda é necessário cruzar o rio Madre de Dios por meio de uma balsa, mas a bela ponte que está sendo construída deve ficar pronta até abril do próximo ano.
Os preços no Peru são mais acessíveis que no Brasil. A moeda se chama Sol e para cada R$ 1 a reportagem conseguiu S/ 1,55 de câmbio. Aliás, a melhor cotação foi conseguida logo na divisa, em Iñapari, com mulheres que ofereciam câmbio na imigração peruana.
A gasolina no país é vendida com base em galões (3,6 litros), a um preço cerca de 30% menor do que no Brasil. A alimentação é barata e dificilmente uma pessoa precisa de mais do que R$ 12 para uma farta refeição em um restaurante simples. Os hotéis seguem a mesma linha. Em resumo, o Peru não é um país caro.
A 180 quilômetros de Puerto Maldonado, ainda em região de floresta amazônica, a Estrada do Pacífico se divide em dois trechos distintos: o trecho à esquerda dá acesso mais rápido à região do Lago Titicaca, enquanto à direita se chega a Cuzco, distante 240 km daquele ponto. O CORREIO fez a viagem por esse trecho direito, lá chamado de Tramo 2 da Carretera Interoceânica.
Aos poucos, a estrada começa sua subida e a vegetação vai se alterando, com as árvores diminuindo de tamanho e o clima ficando mais frio.
A partir de Quince Mil, a ascensão se torna muito mais forte, a rodovia passa a ser formada por inúmeras curvas e abismos, as árvores vão desaparecendo até se atingir o ponto mais alto, a cerca de 4.720 metros acima do nível do mar. As paisagens são impressionantes e os picos nevados dos Andes fazem companhia ao turista nesse ponto da Estrada do Pacífico.
Em seguida, as curvas diminuem um pouco, até se chegar a uma região de vales a mais de 3 mil metros de altitude, onde se localiza Cuzco, um dos destinos turísticos mais famosos do mundo.
O ACESSO AOS PORTOS DO SUL
Ponte sobre o rio Madre de Dio, em Puerto Maldonado, ainda em obras |
Para os turistas brasileiros, Cuzco deve ser o principal destino, pois tem museus, construções históricas, sítios arqueológicos e, principalmente, é o ponto de partida para quem deseja conhecer Machu Picchu, a famosa cidade perdida dos Incas. A visita ao Vale Sagrado, uma região rica em construções feitas pelos povos pré-hispânicos, também pode ser feita de carro por estradas asfaltadas. Apenas o acesso a Machu Picchu ainda continua sendo feito exclusivamente por trem.
Outro ponto que deve atrair o interesse dos brasileiros é a região do belo lago Titicaca, um dos mais altos do mundo. De Cuzco a Puno, cidade peruana que serve de apoio para visitas ao lago, são cerca de 390 km de estrada de asfalto bem conservada, com apenas alguns trechos mais deteriorados perto de Juliaca.
O caminho é belo, passando inicialmente por um vale e, uma centena de quilômetros depois, adentrando no altiplano andino, onde a paisagem semidesértica é completada por pastores cuidando de seus rebanhos nas montanhas. A partir de Puno, pode-se conhecer também Copacabana, famosa cidade turística no lado boliviano do lago Titicaca, porta de entrada para as ilhas do Sol e da Lua, bem como visitar La Paz, a capital da Bolívia. Todo o acesso é feito por meio de estradas asfaltadas e a distância de Puno a La Paz é de cerca de 260 km. Outra opção é deixar o carro na fronteira entre os dois países e tomar um táxi-lotação, cuja viagem até La Paz é feita em uma hora e meia e custa apenas R$ 10.
Para o comércio internacional, porém, o caminho mais curto para os portos peruanos não passa por Puno. Como dito, há o trecho 4 da Estrada do Pacífico, que se inicia ainda na região amazônica, após Puerto Maldonado, e chega diretamente a Juliaca, um grande entroncamento rodoviário peruano. Para quem vem de Cuzco com destino ao lago Titicaca, Juliaca também é passagem obrigatória.
Desse entroncamento, é possível pegar a estrada para Arequipa, segunda maior cidade peruana. O CORREIO percorreu os 280 km entre Juliaca e Arequipa e constatou que a estrada de asfalto está em excelente condição, mesmo no trecho mais próximo ao destino final, quando se desce parte da Cordilheira por um caminho cheio de curvas.
De Arequipa ao porto de Matarani são cerca de 100 km. Se o destino for o porto de Ilo, mais ao sul, percorrem-se mais 260 km após Arequipa, sempre por estradas asfaltadas e em boas
condições.
ESTE GOVERNO LULA/DILMA... SÓ SE VÊ GENTE TRABALHANDO FELIZ, POR SABEREM QUE ESTÃO PARTICIPANDO DE UM GRANDE FEITO PARA O BRASIL.
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