Protesto em Atenas depois do suicídio de um aposentado de 77 anos, que, em bilhete, disse lhe restar apenas 'um fim digno antes de procurar comida no lixo'
CHUPINHADO DO ESQUERDOPATA
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Um aposentado grego de 77 anos se suicidou ontem nas proximidades do Parlamento do país, dizendo ser esse o único "fim digno" possível para ele, numa Grécia que atravessa severa crise.
"Não quero deixar dívidas para os meus filhos", gritou, segundo testemunhas, antes de atirar na própria cabeça, debaixo de uma árvore.
A mídia local o identificou como Dimitris Christoulas, um farmacêutico aposentado, e divulgou uma nota escrita à mão deixada por ele.
No bilhete, ele explicava seus motivos e previa que, no futuro, os jovens gregos sem perspectivas usarão armas para se defender.
"Dado que não tenho idade que me permita responder ativamente (ainda que fosse o primeiro a seguir alguém que tomasse um [fuzil] Kalashnikov), não posso encontrar nenhuma forma de luta, exceto um fim digno antes de ter de começar a procurar comida no lixo", diz o texto.
O suicídio do farmacêutico tomou de imediato o debate público na Grécia, onde uma em cada cinco pessoas está desempregada e sucessivos cortes de salários e pensões atingem os que têm emprego ou estão aposentados.
PROTESTOS
A movimentada praça Syntagma, onde Christoulas se matou -um ponto tradicional de protestos do lado oposto ao Parlamento-, encheu-se de flores, velas e bilhetes escritos à mão com condenações à crise e ao governo.
Estima-se que 1.500 pessoas tenham passado pelo local, convocadas pelas redes sociais. Reprimidos pela polícia, protestos e manifestações também aconteceram em outras cidades gregas.
"Nesses tempos difíceis para nosso país, nós todos -Estado e cidadãos- deveríamos apoiar os que estão do nosso lado e em desespero", disse, em nota, o primeiro-ministro Lucas Papademos.
O líder socialista Evangelos Venizelos classificou o episódio de tão monstruoso que tornava "irrelevante e vão qualquer comentário político". Segundo os dados mais recentes disponíveis, suicídios na Grécia aumentaram 18% desde 2010. Apenas em Atenas, a alta foi de 25%.
Segundo o "New York Times", antes da crise, a Grécia tinha a taxa mais baixa de suicídios da Europa: 2,8 a cada 100 mil habitantes, ou pouco mais de 300 ao ano.
Ainda segundo a mídia grega, o farmacêutico, em sua nota, se referia ao governo como "governo de ocupação de Tsolakoglou".
Georgios Tsolakoglou foi primeiro-ministro colaboracionista durante a ocupação da Grécia pela Alemanha nazista na 2ª Guerra Mundial.
A menção é mais um termômetro da ira grega contra os alemães por conta do papel determinante do governo Merkel na imposição das medidas de austeridade ao país.
A adoção de um drástico pacote de cortes e privatizações foi a condição da "troica" (a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) para socorrer a Grécia.
Um aposentado grego de 77 anos se suicidou ontem nas proximidades do Parlamento do país, dizendo ser esse o único "fim digno" possível para ele, numa Grécia que atravessa severa crise.
"Não quero deixar dívidas para os meus filhos", gritou, segundo testemunhas, antes de atirar na própria cabeça, debaixo de uma árvore.
A mídia local o identificou como Dimitris Christoulas, um farmacêutico aposentado, e divulgou uma nota escrita à mão deixada por ele.
No bilhete, ele explicava seus motivos e previa que, no futuro, os jovens gregos sem perspectivas usarão armas para se defender.
"Dado que não tenho idade que me permita responder ativamente (ainda que fosse o primeiro a seguir alguém que tomasse um [fuzil] Kalashnikov), não posso encontrar nenhuma forma de luta, exceto um fim digno antes de ter de começar a procurar comida no lixo", diz o texto.
O suicídio do farmacêutico tomou de imediato o debate público na Grécia, onde uma em cada cinco pessoas está desempregada e sucessivos cortes de salários e pensões atingem os que têm emprego ou estão aposentados.
PROTESTOS
A movimentada praça Syntagma, onde Christoulas se matou -um ponto tradicional de protestos do lado oposto ao Parlamento-, encheu-se de flores, velas e bilhetes escritos à mão com condenações à crise e ao governo.
Estima-se que 1.500 pessoas tenham passado pelo local, convocadas pelas redes sociais. Reprimidos pela polícia, protestos e manifestações também aconteceram em outras cidades gregas.
"Nesses tempos difíceis para nosso país, nós todos -Estado e cidadãos- deveríamos apoiar os que estão do nosso lado e em desespero", disse, em nota, o primeiro-ministro Lucas Papademos.
O líder socialista Evangelos Venizelos classificou o episódio de tão monstruoso que tornava "irrelevante e vão qualquer comentário político". Segundo os dados mais recentes disponíveis, suicídios na Grécia aumentaram 18% desde 2010. Apenas em Atenas, a alta foi de 25%.
Segundo o "New York Times", antes da crise, a Grécia tinha a taxa mais baixa de suicídios da Europa: 2,8 a cada 100 mil habitantes, ou pouco mais de 300 ao ano.
Ainda segundo a mídia grega, o farmacêutico, em sua nota, se referia ao governo como "governo de ocupação de Tsolakoglou".
Georgios Tsolakoglou foi primeiro-ministro colaboracionista durante a ocupação da Grécia pela Alemanha nazista na 2ª Guerra Mundial.
A menção é mais um termômetro da ira grega contra os alemães por conta do papel determinante do governo Merkel na imposição das medidas de austeridade ao país.
A adoção de um drástico pacote de cortes e privatizações foi a condição da "troica" (a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) para socorrer a Grécia.
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