Todos os 3, são entreguistas, americanófilos, e neo liberais e defendem o "estado mínimo" para nós e máximo para eles
Muitos americanos estão começando a perceber que, para eles, o Sonho Americano ultimamente mais parece um pesadelo. Eles enfrentam a realidade amarga de cada vez menos empregos, décadas de salários estagnados e aumentos dramáticos na desigualdade. Apenas nos últimos meses – à medida que a economia crescia, mas sem o retorno dos empregos, à medida que os lucros voltavam, mas os números de pobreza aumentavam semanalmente – o país parece ter reconhecido que está lutando com uma crise estrutural profunda, que se desenvolveu por anos. Como escreve o “Washington Post”, a crise financeira foi apenas o último passo – para pior
THOMAS SCHULZ GEORGE E KHOURI ANDOLFATO *
Ventura é uma pequena cidade na costa do Pacífico, a cerca de uma hora de carro ao norte de Los Angeles. Casas de luxo com vista para o oceano pontilham as encostas e as praias são populares entre os surfistas. Ventura é a Califórnia da imaginação das pessoas. “É um lugar abastado”, diz o capitão William Finley. “Mas cerca de 20% da cidade corre o risco de virar sem-teto.” Finley comanda uma divisão local do Exército da Salvação.
Em meados do ano passado, Ventura lançou um programa piloto, administrado por Finley, que permite que pessoas durmam em seus carros dentro dos limites da cidade. Isso normalmente é ilegal, tanto em Ventura quanto no restante do país, onde moradores e autoridades locais temem ver vans em estado precário, cheias de trabalhadores migrantes mexicanos, estacionadas em ruas residenciais
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Mas no início do ano passado, as pessoas em Ventura perceberam que os carros estacionados em frente de suas casas à noite não eram veículos velhos, mas peruas e utilitários esportivos bem cuidados. E as pessoas que dormiam nelas não eram trabalhadores rurais ou moradores de rua comuns, mas seus antigos vizinhos.
Mas no início do ano passado, as pessoas em Ventura perceberam que os carros estacionados em frente de suas casas à noite não eram veículos velhos, mas peruas e utilitários esportivos bem cuidados. E as pessoas que dormiam nelas não eram trabalhadores rurais ou moradores de rua comuns, mas seus antigos vizinhos.
OS DOIS QUE EVITARAM QUE ESTA BRUTAL CRISE CHEGASSE AQUI.
DÍVIDA CRESCENTE
Finley também notou uma mudança. De repente, o dobro de pessoas estava fazendo uso do programa de refeições gratuitas de sua organização de serviços sociais, e algumas até mesmo chegavam dirigindo BMWs – aparentemente relutantes em abrir mão de seus carros caros, que os recordavam de dias melhores.
O capitão os chama de “os novos pobres”. “Esta é uma categoria diferente de pessoas que estamos vendo”, ele diz. “São pessoas que nunca imaginaram que algum dia seria sem-teto.” Eram pessoas que tinham dinheiro suficiente – em alguns casos muito dinheiro– até recentemente.
“A imagem do que é uma pessoa pobre atualmente é diferente. Quando eu cresci pobre, e éramos bem pobres, nós andávamos em um carro com 10 anos de idade e com alguns amassados. Era o único carro da família e vivíamos de alimentos distribuídos por caridades”, diz Finley. “No passado, você se esforçava para sair da pobreza e então melhorava de vida.”
DIREÇÃO OPOSTA
Era o modo de vida americano, um caminho trilhado por milhões. “Hoje, a imagem é a de carros último modelo, que a certa altura custaram 40 mil, 50 mil (dólares), mas essas pessoas agora não sabem mais o que fazer, e estão vivendo de comida doada por organizações de caridade. E para muitas delas, é preciso um esforço imenso para engolir o orgulho”, diz Finley.
Hoje, o modo de vida americano caminha na direção oposta: para baixo.
Por algum tempo, os Estados Unidos pareciam ter saído relativamente ilesos da pior crise econômica em décadas – com vigor e energia renovados – como fizeram após crises do passado.
O governo estava anunciando novos números de crescimento econômico já no início do último trimestre do ano passado, muito mais cedo do que o esperado. Os bancos, moribundos até recentemente, voltaram a ganhar bilhões. Empresas de todo o país estão anunciando forte crescimento e o mercado de ações quase retornou aos níveis pré-crise. Até mesmo o número de bilionários cresceu, em bons 17%, em 2009.
Há duas semanas, o fundador da Microsoft, Bill Gates, e 40 outros bilionários prometeram doar pelo menos metade de suas fortunas para filantropia, seja ainda em vida ou após a morte. Os Estados Unidos são um país tão abençoado com riqueza que pode arcar em doar bilhões, assim fácil?
RESSENTIMENTO
A ação de Gates poderia também ser interpretada como uma campanha de relações públicas, em um país onde os super-ricos sentem que apesar de estarem lucrando com a crise, como seria de se esperar, o número de pessoas afetadas de forma adversa por ela cresceu enormemente. Eles também sentem que há um crescente ressentimento na sociedade americana contra aqueles no topo.
Para as pessoas nas faixas de renda mais baixas, a recuperação já parece estar falhando. Os especialistas temem que a economia americana possa permanecer fraca por ainda muitos anos. E apesar dos muitos programas assistenciais do governo, a pequena dose de esperança que proporcionam ainda precisa ser sentida pelo público em geral. Na verdade, para muitas pessoas as coisas ainda continuam piorando dramaticamente.
Segundo uma recente pesquisa de opinião, 70% dos americanos acreditam que a recessão ainda continua plenamente. E desta vez não são apenas os pobres que foram atingidos de forma especialmente dura, como geralmente são durante recessões.
Desta vez a recessão também está afetando pessoas com alta escolaridade e que ganhavam bem até recentemente. Essas pessoas, que se consideram solidamente como sendo de classe média, agora se sentem mais ameaçadas do que nunca na história do país. Quatro entre 10 americanos que se consideram como parte da classe média acreditam que não conseguirão manter seu status social.
O DESEMPREGO PERSISTE
Em uma recente história de capa intitulada “Adeus, Classe Média”, o “New York Post” apresentou aos seus leitores “25 estatísticas que provam que a classe média está sendo sistematicamente erradicada da existência na América”. Na semana passada, a importante colunista online Arianna Huffington emitiu um alerta quase apocalíptico de que “a América corre o risco de se transformar em um país de Terceiro Mundo”.
De fato, os Estados Unidos, após as crises imobiliária, financeira, econômica e agora da dívida, que ainda não foram superadas, corre o risco de uma Era Glacial social mais severa do que qualquer coisa que o país viu desde a Grande Depressão.
Mais de um ano após o fim oficial da recessão, a taxa de desemprego geral permanece consistentemente acima de 9,5%. Mas esse é apenas o número oficial. Quando corrigido para incluir as pessoas que já desistiram de procurar emprego ou mal sobrevivem com as poucas centenas de dólares que ganham em empregos de meio expediente e estão usando suas economias, a taxa real de desemprego sobe para mais de 17%.
Em seu relatório anual atual, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos nota que a “insegurança alimentar” está aumentando, e que 50 milhões de americanos não tiveram condições de comprar comida suficiente para permanecerem com saúde em algum momento do ano passado. Um entre cada oito adultos americanos e uma entre quatro crianças atualmente sobrevive de cupons de alimento do governo. São números inacreditáveis para o país mais rico do mundo.
Ainda mais perturbador é o fato dos Estados Unidos, que sempre foram caracterizados por sua crença inabalável no Sonho Americano e em sua convicção de que qualquer um, mesmo aquele na mais baixa das condições, pode ascender ao topo, estarem começando a perder seu famoso otimismo. Segundo dados recentes, uma minoria significativa de cidadãos americanos atualmente acredita que seus filhos estarão em situação pior do que eles.
Muitos americanos estão começando a perceber que, para eles, o Sonho Americano ultimamente mais parece um pesadelo. Eles enfrentam a realidade amarga de cada vez menos empregos, décadas de salários estagnados e aumentos dramáticos na desigualdade.
Apenas nos últimos meses – à medida que a economia crescia, mas sem o retorno dos empregos, à medida que os lucros voltavam, mas os números de pobreza aumentavam semanalmente – o país parece ter reconhecido que está lutando com uma crise estrutural profunda, que se desenvolveu por anos.
Como escreve o “Washington Post”, a crise financeira foi apenas o último passo – para pior.
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