Na foto o chanceler eleito como o melhor do mundo em 2010. O empresariado colhe os frutos de sua ação sobre a geopolítica brasileira na África.
Sílvio
Guedes Crespo
Os projetos brasileiros de ajuda à
África têm aumentado a influência do País no continente e ajudado empresas a
fechar negócios, segundo uma reportagem do jornal novaiorquino.
“O Brasil, país com maior número de afrodescendentes, está aumentando sua presença na África, na indústria, na infraestrutura e no comércio”, afirma o jornal na primeira página, sob a chamada “Brasil se afirma na África”.
O País destinou US$ 23 milhões para construir uma fábrica de medicamentos contra Aids em Moçambique, onde 2,5 milhões de pessoas têm a doença mas apenas 300 mil têm acesso à droga que a fábrica produzirá.
No Kenia, o Brasil ofereceu um empréstimo de US$ 150 milhões por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para construção de estradas e mais US$ 80 milhões para ajudar a mecanização da agricultura local.
Projetos como esses abrem espaço para a entrada de empresas brasileiras no países. O New York Times afirma que a Odebrecht, por exemplo, já é um dos maiores empregadores da Angola, a Vale está investindo US$ 6 bilhões no setor de carvão em Moçambique e o banco BTG Pactual lançou um fundo de US$ 1 bilhão para investir na África.
A corrente comercial entre o Brasil e os
países africanos cresceu de US$ 4,3 bilhões em 2002 para US$ 27,6 bilhões em
2011.
Atualmente, 55% do US$ 1 bilhão desembolsado pela Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores, são destinados à África.
Além do aspecto comercial, existe a cooperação que aumenta a influência diplomática.
O País tem hoje 36 embaixadas no
Continente Africano – mais do que, por exemplo, o Reino Unido – e agendou para
este ano a abertura da 37ª, no Malawi.
Na Angola, um acordo de segurança assinado recentemente tem o objetivo de expandir o treinamento de militares do país africano no Brasil.
O Times acredita que, diferentemente de outros países latino-americanos, como Venezuela e Cuba, que se baseiam em uma espécie de solidariedade entre países em desenvolvimento, “a crescente presença do Brasil na África é mais complexa, envolvendo a ambição de transformar o País em uma potência econômica e diplomática.
A reportagem aponta, ainda, críticas às incursões do Brasil na África. Por exemplo, por causa da aproximação do País com líderes associados a violações de direitos humanos, como é o caso do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Mbasogo.
Outra crítica vem de jovens africanos que participam de um projeto para estudar no Brasil.
Alguns reclamam de discriminação no
País. O moçambicano Eleutério Nhantumbo, que ganhou uma bolsa para estudar no
Rio, disse que estava saindo de uma loja e foi abordado por policiais, que lhe
pediram para levantar a camisa.
Quando perguntou por que estavam fazendo,
conta o estudante, ouviu como resposta um insulto racista.
Os policiais perguntaram, ainda, de
onde ele era. Depois que respondeu, os policiais teriam dito: “Onde é
Moçambique?”. “Eles não sabiam que existe um país chamado Moçambique”, afirmou
Nhantumbo ao jornal.
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