Aplausos aos que não se deixaram manipular pelo pig.
Do Blog do Nassif:
Apesar do apelo da mídia, desmobilização marca julgamento
Apesar da imprensa insistir na tese de que este é o maior julgamento da história, o povo parece pouco interessado.
Na área externa ao STF, nada de manifestações ou protestos. Mesmo dentro da corte, sobressaem os espaços vazios. O público passa, posa para foto e segue. “Essa desmobilização é uma frustração para muita gente que esperava o clamor das ruas pedindo a condenação dos réus”, diz o advogado Márcio Thomaz Bastos.
Najla Passos
Brasília - O enredo até parecia favorável à
sustentação da tese defendida pela imprensa de que o julgamento da ação penal
470, o chamado “mensalão do PT”, seria o maior da história do país: 38 réus,
5.508 folhas de processos, 600 testemunhas ouvidas, dezenas de perícias, 150
advogados, 500 jornalistas credenciados, expectativas de grandes protestos e
mobilizações.
Mas a realidade do Supremo Tribunal Federal (STF) e seu entorno
nesses quatro dias de julgamento revela um cenário bastante adverso. Pelo menos
até agora, a desmobilização social é a principal marca.
“Essa desmobilização é uma frustração para muita gente que esperava o clamor das ruas pedindo a condenação dos réus”, ironiza o advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende o ex-executivo do Banco Rural, José Roberto Salgado.
Animado com as
sustentações orais já apresentadas pelos colegas, o ex-ministro da Justiça do
governo Lula acredita que o ambiente real em que se dá o julgamento, ao
contrário do criado pela imprensa, é bastante favorável à defesa. “Ah, está
muito tranquilo”, observou, após dar uma longa mirada no vazio que imperava na
área externa à corte.
Os 38 réus, para preservarem suas imagens, não apareceram. Os 150 advogados, por dever de ofício, se revezam durante as sessões. Pelo menos os ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes já foram flagrados dormindo. A ministra Carmen Lúcia se ausentou após o intervalo desta terça.
O público dá uma passada, registra uma foto e segue caminho. Na maioria das vezes, são estudantes de direito ávidos por comprovar tempo de tribunal, que ajuda a contar pontos para o estágio obrigatório. “É uma oportunidade e tanto estar na corte no dia de um julgamento desses.
O público é
que parece pequeno. Mas se eu conseguir o certificado, já valeu o esforço”,
afirmou o estudante da Universidade Católica de Tocantins, Ítalo Schelive, que
acompanhou o julgamento, nesta terça, com um grupo de 40 colegas.
Eles posaram
para fotos, ajudaram a compor as imagens que estarão nos jornais amanhã e, após
meia-hora, preferiram seguir o passeio turístico por Brasília.
Mesmo o número de jornalistas presentes míngua a cada dia. Na segunda (6), a assessoria de comunicação do STF consultou jornalistas não credenciados sobre o interesse de acompanharem o júri no plenário. Menos de um terço dos 75 cadastrados inicialmente poucos ocupavam seus postos na corte.
Mas a repescagem parece não
ter surtido efeito. Mesmo com o reforço, apenas 19 ocupavam seus postos na
corte, nesta terça, às 15:40 horas, no auge da sessão. Dos 90 que conseguiram
credenciais para ocupar a sala de imprensa, no andar superior, haviam 31. No
pátio externo, não mais do que 50, incluindo técnicos e motoristas.
Um único manifestante solitário compareceu à Praça dos Três Poderes, parcialmente isolada com cercas de ferro pela segurança do tribunal. E não era para criticar a corrupção ou o PT, mas sim o próprio Judiciário. “Ainda bem que temos a Eliana Calmon para salvar o Judiciário” e “O STF também está no banco dos réus” diziam as duas faixas que postava.
Um único manifestante solitário compareceu à Praça dos Três Poderes, parcialmente isolada com cercas de ferro pela segurança do tribunal. E não era para criticar a corrupção ou o PT, mas sim o próprio Judiciário. “Ainda bem que temos a Eliana Calmon para salvar o Judiciário” e “O STF também está no banco dos réus” diziam as duas faixas que postava.
Era o dentista Francisco Lima, morador da cidade
satélite de Sobradinho, que confessou sua decepção com a desmobilização em torno
do tema. “No primeiro dia, havia mais três manifestantes. Hoje, só eu. O que
está em julgamento, aqui, é o próprio STF que, por conta da sua inoperância,
demorou sete anos para colocar o processo em julgamento. Agora, a população nem
se lembra mais o que foi o mensalão”, considerou.
O ambulante Antônio Monteiro, que já contabiliza um prejuízo nas vendas de mais de 50%, desde o início do julgamento e o consequente isolamento da praça, faz uma outra análise, porém com sustentação no mesmo descrédito imputado à corte. “O STF já está desenganado pela população.
Ninguém mais se interessa por seus julgamentos
políticos viciados. As pessoas querem é mais escolas e hospitais”,
opinou.
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